Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

RELATO DE CASO: ANEMIA HEMOLÍTICA DO RECÉM NASCIDO POR PROVÁVEL INCOMPATIBILIDADE DE ISOGRUPO EM PACIENTE GEMELAR

  • E Thomé,
  • GS Schramm,
  • AC Molon,
  • LM Lorenzini,
  • GCL Bellini,
  • FL Silva,
  • H Umpierre-Pedroso

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S76 – S77

Abstract

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Introdução: A doença hemolítica aloimune do recém-nascido (DHRN) é rara e deve ser considerada quando há icterícia precoce e anemia no neonato. Relatamos o caso de um recém nascido (RN) gemelar que evoluiu com clínica suspeita e alterações em provas de hemólise, indicando anemia hemolítica por incompatibilidade de subgrupo. Objetivo: Relatar caso de RN do sexo feminino, gemelar, com DHRN. Relato de caso: RN, gemelar dicoriônica-diamniótica, com tipagem sanguínea O+, compatível com a materna, evolui com icterícia precoce, sendo feita a internação em UTI neonatal e iniciado medidas de suporte com soroterapia e fototerapia. Em laboratoriais, apresentou anemia, reticulocitose e hiperbilirrubinemia, sendo a indireta 13,2. Solicitado teste do anticorpo direto (TAD), com resultado positivo. Efetuado imunoglobulina 5%, com melhora gradual da hemólise. Solicitado, também, painel de anticorpos irregulares (PAI) da mãe para guiar futura transfusão devido ao nadir fisiológico e a baixa reserva inicial de hemoglobina gerada pela doença de base. Em seguida, fez-se necessário transfusão de concentrado de hemácias, com melhora da hemoglobina. PAI materno identificou anticorpo anti-c, foi efetuada nova transfusão irradiada e, dessa vez, compatível com RN devido a nova queda de hemoglobina. Paciente evoluiu com melhora dos exames laboratoriais, sendo suspensa a fototerapia. Não houve rebote de bilirrubinas. Neonato recebeu alta hospitalar após 13 dias de internação. Ao acompanhamento ambulatorial, não houve evidência de hemólise conforme clínica e exames. Discussão: A DHRN é causada pela destruição de eritrócitos do neonato por anticorpos maternos do tipo IgG, cuja patogênese se dá por hemólise das hemácias fetais por anticorpos maternos. Esses anticorpos são produzidos quando um antígeno de eritrócito não expresso na mãe tem acesso à circulação por gestação ou transfusão prévias. Os anticorpos do tipo IgG podem atravessar a barreira placentária e o fazem durante a gestação, promovendo a hemólise. A DHRN divide-se em: RhD, sistema ABO e outros subgrupos. O diagnóstico de DHRN é confirmado quando todos os três critérios a seguir são atendidos: demonstração de tipos sanguíneos incompatíveis entre o RN e a mãe, TAD positivo e evidência laboratorial de hemólise (demonstrado por hiperbilirrubinemia não conjugada, anemia com contagem elevada de reticulócitos e achados de esfregaço de sangue periférico consistentes com hemólise). A hiperbilirrubinemia é tratada principalmente com fototerapia e geralmente é suficiente para a maioria dos RNs com DHRN. Já para hiperbilirrubinemia grave e não responsiva, a transfusão de troca é recomendada para remover a bilirrubina, os aloanticorpos maternos implicados e as hemácias revestidas de anticorpos. Conclusão: A anemia hemolítica aloimune no recém-nascido, embora rara, pode ser grave e requer diagnóstico e tratamento rápidos. O diagnóstico é confirmado pelo TAD positivo, com clínica de icterícia precoce e anemia. O manejo inclui fototerapia intensiva, soroterapia e transfusões, estabilizando a hemoglobina e a bilirrubina. A alta ocorre após estabilização, com acompanhamento ambulatorial.