Galicia Clínica (Sep 2018)

Doença de Forestier-Rotes-Querol – quando afeta o dia-a-dia

  • Isabel Silva,
  • Raquel Carvalho

DOI
https://doi.org/10.22546/49/1532
Journal volume & issue
Vol. 79, no. 3
pp. 101 – 101

Abstract

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A doença de Forestier ou hiperostose esquelética idiopática difusa (DISH) é uma patologia de etiologia desconhecida em que há calcificação e ossificação de tecidos moles, nomeadamente enteses axiais ou extra-axiais. É uma doença degenerativa, não inflamatória e tem sido associada a várias condições – osteoartrose, diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial, dislipidemia e hiperuricemia. A sua prevalência varia entre 2,4 - 5,4% na população geral com mais de 40 anos, mas aumenta com a idade (pico de incidência entre 65 e 70 anos) e predomina no sexo masculino. É maioritariamente assintomática, mas pode condicionar alterações significativas dependendo da área atingida. Descreve-se o caso de um homem de 78 anos, autónomo, com antecedentes de tabagismo, DM tipo 2, HTA e rinossinusite alérgica. Apresenta queixas arrastadas de obstrução nasal, disfonia, disfagia alta e dispneia. Por persistência da sintomatologia, não totalmente atribuída à rinossusite foi submetido a estudo mais dirigido. A rinoscopia revelou rinite crónica e a laringoscopia abaulamento da parede da faringe. Realizou posteriormente tomografia (TAC) dos seios perinasais e cavum faríngeo que revelou marcada osteofitose anterior, mais importante em C4-C5, deformando significativamente o lúmen da via aérea e com compromisso da hipofaringe. O doente foi orientado para consulta de Otorrinolaringologia com vista a tratamento cirúrgico. A doença de Forestier deve, assim, ser considerada no diagnóstico diferencial de queixas persistentes das vias aéreas superiores, como disfonia e disfagia alta, nomeadamente quando os sinais/sintomas persistem mesmo após medicação dirigida para as etiologias mais frequentes, como aconteceu neste doente. As queixas surgem por obstrução mecânica, edema envolvente e afetação das estruturas nervosas adjacentes. O seu diagnóstico é radiológico, habitualmente por TAC. Na maioria dos casos o tratamento é conservador, incluindo modificação da dieta, terapêutica anti-refluxo e analgésicos e anti-inflamatórios, mas nas situações mais graves a solução passa pela intervenção cirúrgica.

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