Cadernos de Saúde Pública ()

Cem dias de COVID-19 em Pernambuco, Brasil: a epidemiologia em contexto histórico

  • Wayner Vieira de Souza,
  • Celina Maria Turchi Martelli,
  • Amanda Priscila de Santana Cabral Silva,
  • Lívia Teixeira de Souza Maia,
  • Maria Cynthia Braga,
  • Luciana Caroline Albuquerque Bezerra,
  • George Santiago Dimech,
  • Ulisses Ramos Montarroyos,
  • Thalia Velho Barreto de Araújo,
  • Demócrito de Barros Miranda-Filho,
  • Ricardo Arraes de Alencar Ximenes,
  • Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque

DOI
https://doi.org/10.1590/0102-311x00228220

Abstract

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Resumo: A pandemia de COVID-19 iniciou sua linha do tempo em 31 de dezembro de 2019 na China e o SARS-CoV-2 identificado como agente etiológico. O objetivo deste manuscrito é descrever a dinâmica espacial e temporal da epidemia de COVID-19 nos primeiros cem dias, no Estado de Pernambuco, Brasil. Apresentamos a evolução de casos e óbitos segundo semana epidemiológica. Realizamos a análise da série do acumulado diário de casos da COVID-19 confirmados, com projeções para os 15 dias subsequentes, utilizando o aplicativo JoinPoint. Esse programa possibilita identificar pontos de inflexão testando sua significância estatística. Analisamos também a tendência de interiorização da COVID-19 no estado, considerando a distribuição percentual de casos ocorridos no Recife, municípios da Região Metropolitana de Recife e do interior, por conjuntos de três semanas, com construção de mapas temáticos. Os 100 dias da epidemia de COVID-19 resultaram em 52.213 casos e 4.235 óbitos entre 12 de março, correspondendo se 11, até 20 de junho de 2020 (semana epidemiológica 25). O pico da curva epidêmica ocorreu na semana epidemiológica 21 (23 de maio), seguido por desaceleração do número de casos. Detectou-se, inicialmente, a periferização dos casos na capital e região metropolitana, seguida por rápida disseminação para o interior do estado. Houve redução das taxas de crescimento médio diário a partir de abril, mas com patamar de mais de 6.000 casos semanais de COVID-19, em média. Ao final do período, a série de casos do estado indica persistência da circulação e transmissão comunitária do SARS-CoV-2. Finalmente, questiona-se parafraseando Garcia Marques em Cem Anos de Solidão, se estaríamos diante de “uma estiagem ou prenúncio de recrudescimento”.

Keywords