Educação e Pesquisa (Jan 2000)
Cultura da rua ou cultura da escola? Street culture or school culture?
Abstract
Este artigo objetiva estudar a construção de atitudes e práticas desviantes de adolescentes de origem francesa ou imigrantes. Os dados da pesquisa foram obtidos em uma pesquisa de campo que incluiu observações e entrevistas realizadas ao longo de dois anos numa escola da periferia parisiense, A hipótese central é a de que os adolescentes dos bairros periféricos, ao ingressarem no ensino médio, já estão predispostos à cultura da escola ou à cultura da rua, cujas predisposições foram estruturadas na família, na comunidade ou nas escolas primárias. Assim, é nos colégios, em interação com processos especificamente escolares, que se desenvolvem condutas desviantes em alguns deles. Este texto evoca, primeiramente e de maneira geral, como os jovens percebem as interpelações e diferenças entre o colégio e o bairro, para em seguida voltar a atenção para três dimensões da sociabilidade adolescente que expressam as tensões entre a rua e a escola: as amizades juvenis, a sociabilidade em sala de aula e as relações interétnicas. A conclusão ressalta o peso que os processos de segregação têm para a perda da capacidade integrativa da escola, quer se tratem dos processos que ocorrrem nos estabelecimentos com um todo, quer sejam os que tomam lugar nas salas de aula.This article presents a study on the construction of deviant attitudes and practices on the part of French adolescents or immigrants. It is based on a fieldwork that included observations and interviews conducted along two years in a school of the Parisian periphery. The central hypothesis is that the adolescents of the outskirts neighborhoods, as they enter secondary school, are already predisposed to the culture of the school or to the culture of the street; predispositions that were structured in the family, in the community or in the elementary schools. Therefore, it is at the secondary schools, in interaction with processes specifically related to the school, that some of them develop deviant conducts. This text evokes, firstly and in a general way, how the youths perceive the questionings and differences between the school and the neighborhood. It then shifts its focus to three dimensions of the adolescent sociability that express the tensions between the street and the school: the juvenile friendships, the sociability in the classroom and the interethnic relationships. The conclusion emphasizes the importance of processes of school segregation, in the school as a whole and within the classrooms, to the loss of the integrative ability of the school.
Keywords