Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)
Potencial impacto na redução do número e nos custos de internações hospitalares em pacientes portadores de doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) por uma empresa privada no Brasil.
Abstract
Introdução: A prevalência da DPOC no Brasil é estimada em 15,8%, segundo o estudo Platino 1. A maioria (87,5%) de seus pacientes permanecem sem diagnóstico 2. A realização da espirometria é uma estratégia recomendada pelo documento GOLD para confirmar o diagnóstico na DPOC3. A Boehringer Ingelheim do Brasil, desde o ano de 2012, realiza gratuitamente, em parceria com secretarias municipais, estaduais e instituições de saúde, exames de espirometria de acordo com a solicitação e autorização dos serviços, associado a programas de capacitação de agentes e profissionais de saúde4-9. Dados epidemiológicos apontam que os pacientes com DPOC com tratamento iniciado nas fases leves e moderadas da doença apresentam expectativa de vida de 14 anos, enquanto pacientes inicialmente tratados com diagnóstico nos graus grave e muito grave têm expectativa de vida de 10 anos 10. O tratamento da DPOC, seja através de monoterapia com LAMA, LABA, broncodilatação dupla (LAMA/LABA) ou na terapia tripla com a adição de CI leva a um menor número de exacerbações e, consequentemente, menos internações hospitalares11-13. O custo por internação no Brasil é estimado em, pelo menos, R$ 1.552,00 reais. Objetivo: A realização mais precoce de exames de espirometria oferecidos pela parceria público-privada com a Boehringer Ingelheim do Brasil visa ao diagnóstico e tratamento mais precoce da DPOC, com potencial diminuição da taxa de exacerbações graves e, consequentemente, de internações hospitalares. Métodos: Para esta análise, foram consideradas o número de espirometrias realizadas pela parceria da Boehringer Ingelheim de 2016 a 2018 em relação aos dados epidemiológicos brasileiros descritos no estudo Platino. Resultados: No período entre 01 de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2018 foram realizadas 198.370 espirometrias (47.553 em 2016, 67.201 em 2017 e 83.616 em 2018), conforme dados demonstrados na figura 1. Figura 1. Número de espirometrias realizadas pela Boehringer Ingelheim do Brasil em parceria com instituições de saúde nos anos de 2016 a 2018. Dada a prevalência aproximada de 15,8% da DPOC em adultos acima de 40 anos no Brasil, o programa de espirometrias poderia ter identificado cerca de 31.342 casos de DPOC1,2,15. Destes, potencialmente 27.424 casos poderiam ser de novos diagnósticos (87,5% destes casos), de acordo com os dados de prevalência do estudo Platino3. O programa pode ter ajudado para diagnóstico mais precoce e possível instalação mais rápida de tratamento, trazendo benefícios clínicos e econômicos. Conclusões: Com o aumento do número de espirometrias promovido pela parceria público-privada, houve um potencial benefício no diagnóstico precoce de pacientes portadores de DPOC entre os anos de 2016 a 2018 com provável impacto positivo no tratamento precoce dos pacientes, o que pode ter gerado menor número de exacerbações e internações hospitalares.