Cadernos de Saúde Pública (Jan 2003)
Comunicação instrumental, diretiva e afetiva em impressos hospitalares
Abstract
Este trabalho se ocupa dos típicos sistemas semânticos extraídos dos recursos comunicativos de equipes hospitalares, que tentam validar informações como um "objeto" a ser transferido aos pacientes. Descrevemos modelos de comunicação textual em 58 impressos de orientações aos pacientes de cinco unidades hospitalares, coletados de 1996 a 2002. Identificamos três categorias fundamentadas na teoria dos atos de fala (Austin, Searle e Habermas): (1) Proferimentos cognitivo-instrumentais - descrições por meio de termos técnicos validados por argumentação auto-referente, incompleta ou inacessível; função educativa implícita. (2) Proferimentos técnico-diretivos - auto-referentes (contexto dos setores de origem); deslocamento freqüente de atos cotidianos para o terreno técnico com função disciplinadora; impessoalidade. (3) Modulações expressivas: necessidade de conexões intersubjetivas para fortalecer laços de confiança; tendência à infantilização. Concluímos que as categorias estudadas expõem: base em origens fragmentárias; pressupostos de univocidade de mensagens e consumo invariante da informação (motivações e interesses idealizados, alheios às perspectivas individuais); pressuposto de interesses universais como geradores de conhecimento.