Horizontes Antropológicos (Jun 2011)

A partilha do sofrimento: relações instrumentais entre animais de laboratório e sua gente

  • Donna Haraway

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-71832011000100002
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 35
pp. 27 – 64

Abstract

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É importante que as "condições compartilhadas de trabalho" em um laboratório experimental nos façam entender que as entidades com limites totalmente seguros chamadas indivíduos possessivos (imaginados como humanos ou animais) são as unidades erradas para considerar o que está acontecendo. Isso signifi ca não que um determinado animal não importa, mas que o importar está sempre dentro de conexões que exigem e possibilitam resposta, não classificação ou calculação nua e crua. Neste artigo, ao colocar em diálogo personagens reais com personagens ficcionais, filósofos com biólogos, proponho repensar as relações instrumentais entre animais de laboratório e sua gente, centrando esforços no trabalho epistemológico, emocional, e técnico necessário para práticas de cuidado e de partilha não mimética. Argumento que a moralidade necessária para o fl orescimento multiespécies vai além de hierarquias taxonômicas, filosofias humanistas ou garantias religiosas. Exige uma forte sensibilidade não antropomórfi ca atenta a diferenças irredutíveisIt is important that the "shared conditions of work" in an experimental lab make us understand that entities with fully secured boundaries called possessive individuals are the wrong units for considering what is going on. That means not that a particular animal does not matter but that mattering is always inside connections that demand and enable response, not bare calculation or ranking. In this article, by bringing into dialogue fictional with real-life characters, philosophers with biologists, we propose to rethink the instrumental relations between laboratory animals and their people, centering on the epistemological, emotional, and technical work necessary for practices of care and non-mimetic sharing. I argue that the needed morality for a multispecies flourishing goes beyond taxonomic hierarchies, humanist philosophies or religious guarantees. It requires a robust nonanthropomorphic sensibility that is accountable to irreducible differences

Keywords