Hansenologia Internationalis (Nov 2003)

Aspectos epidemiológicos da transmissão da hanseníase em relação a exposição ao tatu

  • Patrícia Duarte Deps,
  • Lorena Vidigal Faria,
  • Valéria Cristina Gonçalves,
  • Débora Azolin Silva,
  • Cristine Gotardo Ventura,
  • Eliana Zandonade

DOI
https://doi.org/10.47878/hi.2003.v28.36392
Journal volume & issue
Vol. 28, no. 2

Abstract

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A transmissão da hanseníase ainda hoje é um tema que necessita de estudos. Alguns autores demonstram a possibilidade dos tatus da espécie Dasypus novemcinctus serem uma fonte ambiental do Mycobacterium leprae. O inquérito epidemiológico realizado verifica a correlação do contato de seres humanos com tatus e a ocorrência de hanseníase. Discute-se, ainda, uma série de fatores que podem estar envolvidos no processo dinâmico do desenvolvimento da hanseníase. O objetivo foi verificar a freqüência dos contatos dos hansenianos com tatus e o interhumano antes do seu diagnóstico, visando estabelecer uma possível forma de transmissão do M. leprae ao ser humano através do contato com tatus. Foram realizadas entrevistas com 107 pacientes ex-hansenianos (hansenianos já tratados com PQT) que moravam no Hospital-Colônia Dr PedroFontes em Cariacica/ES, 29 hansenianos e 173 não hansenianos de um serviço de dermatologia. O questionário coletou dados sobre o consumo de carne de tatu antes do diagnóstico, a existência de contatos conhecidos e/ou familiares portadores de hanseníase. Os dados foram analisados pela realização do teste do Qui-quadrado, correlação e teste exato de Fisher. Encontrou-se que 90,4% dos pacientes portadores de hanseníase ou ex-hansenianos consumiram carne de tatu antes do diagnóstico de hanseníase, enquanto 15% dos não hansenianos consumiram carne de tatu. No grupo de hansenianos sem contatos com outros pacientes com hanseníase antes do diagnóstico, 96,1% já tinham consumido carne de tatu e apenas 3,9% não o fizeram. O trabalho sugere uma possível fonte de M. leprae através do consumo da carne de tatu, principalmente, nos hansenianos sem história de contatos com outros pacientes portadores de hanseníase antes do seu diagnóstico.

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