AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA CIRURGIA ROBÓTICA COMO PRÁTICA DE PATIENT BLOOD MANAGEMENT NO USO DE HEMOCOMPONENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE

Abstract

Objetivos: Avaliar o impacto da introdução da cirurgia robótica entre Setembro de 2022 e Dezembro de 2023 na utilização de hemocomponentes de pacientes internados em um hospital de Belo Horizonte. Materiais e métodos: Inicialmente, foi realizada uma análise do número e tipo de procedimentos realizados por robótica desde a introdução da técnica em Setembro de 2022. A partir do sistema Real Blood, software utilizado na agência transfusional para cadastro de dados referentes a solicitação de hemocomponentes, gerou-se uma análise do índice de hemocomponentes transfundidos nos respectivos procedimentos no intervalo de Setembro de 2022 a Dezembro de 2023. Analisou-se em concomitância a partir do sistema Interact Suite SA 8 (SAS), software utilizado pelo Grupo GSH para cadastro de indicadores de qualidade, a evolução do indicador de índice de utilização de reservas cirúrgicas. Resultados: A partir da análise inicial dos procedimentos realizados por robótica, observou-se que no ano de 2022 foram realizadas 111 cirurgias. Já no ano de 2023, a instituição realizou 506 procedimentos. Considerando a evidência de aumento expressivo do número de cirurgias realizadas por robô, avaliou-se a partir do sistema Real Blood o índice de hemotransfusão nos respectivos procedimentos, sendo possível observar que, de Setembro a Dezembro de 2022, ocorreram 23 transfusões; já no ano de 2023, foram realizadas 64 transfusões. Em uma análise percentual considerando o número de procedimentos robóticos e o índice de hemotransfusão dos mesmos, houve uma queda de 20% para 12%. Esse dado corrobora com a análise feita a partir do sistema SAS, no qual o índice geral de utilização de reservas cirúrgicas nos anos de 2021, 2022 e 2023 foi de 25,01%, 20,45% e 12,17%, respectivamente. Discussão: Considerando o crescente direcionamento de uma abordagem focada na otimização do manuseio de transfusão, a partir dos pilares do PBM, procura-se nos momentos pré, peri e pós operatórios estratégias para um manejo seguro da anemia, com indicações assertivas de transfusão, a minimização de perda sanguínea e a otimização da massa eritrocitária do paciente. Dentro da abordagem do período peri-operatório, a técnica robótica otimiza o tempo de cirurgia e o índice de complicações, impactando positivamente na necessidade de uso de hemocomponentes. Analisando a introdução da cirurgia robótica em um hospital de alta complexidade de Belo Horizonte, observou-se que, desde a introdução da técnica em questão, o índice de utilização de reservas cirúrgicas reduziu. Apesar de este indicador ser referente a todos os procedimentos cirúrgicos em que uma solicitação de reserva cirúrgica foi realizada, os demais dados analisados evidenciam que o percentual de transfusão de hemocomponentes nos respectivos procedimentos atualmente realizados através da cirurgia robótica diminuiu, a despeito do aumento expressivo de realização dos mesmos. Conclusão: A implementação do PBM é uma abordagem de manejo de cuidado aplicável ao paciente cirúrgico. Em concordância, a cirurgia robótica vem sendo amplamente aplicada em procedimentos cada vez mais complexos, sendo a redução da necessidade transfusional um reflexo da busca crescente por um ato cirúrgico mais seguro.