Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-441 - PERFIL, DESFECHOS INFECCIOSOS E IMUNIDADE VACINAL CONTRA A HEPATITE B NO PROJETO ACOLHER

  • Isabela Roberta da Silva,
  • Isabella Martins Silva,
  • Eliane Tiemi Miyazaki,
  • Gabriela de Araújo,
  • Cássia Fernanda Estofolete,
  • Delzi Vigna Nunes

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104339

Abstract

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Introdução: A violência sexual representa uma preocupação global, sendo capaz de gerar consequências físicas e emocionais irreparáveis. Estima-se que somente 10% dos casos sejam notificados. O atendimento após o abuso sexual é considerado uma urgência, devendo ser realizado preferencialmente até 72 horas do ocorrido para a realização de medidas preventivas eficazes. O Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de São José do Rio Preto é referência no atendimento inicial das vítimas de violência sexual de 104 municípios. Após o primeiro atendimento, essas vítimas são encaminhadas ao Projeto Acolher, fundado em 2001, para acompanhamento multidisciplinar por pelo menos 6 meses. Objetivo: Traçar o perfil dos pacientes, os desfechos infecciosos e a imunidade vacinal contra o vírus da Hepatite B (VHB) das vítimas de violência sexual encaminhadas ao Projeto Acolher. Método: Estudo descritivo retrospectivo, realizado através da análise dos prontuários de 746 atendimentos no Projeto Acolher de dezembro de 2001 a dezembro de 2023. Resultados: A maioria das vítimas acompanhadas era do sexo feminino (87,53%), com faixa etária predominante dos 11 aos 14 anos (23,19%) e com agressores conhecidos (65,46%). Pouco mais da metade delas foi admitida após 72 horas da violência (58,85%), todavia, não foram registrados casos de gestações, de HIV, de Sífilis e de Hepatites durante o seguimento no projeto. O histórico vacinal contra o VHB era positivo em 77,75% das vítimas, apesar da soroconversão no atendimento inicial ter sido confirmada somente em 58,45% dos casos. Dentre os vacinados com até 10 anos, somente 38,64% possuíam imunidade à admissão. Dos pacientes sem soroconversão que foram vacinados durante o acompanhamento no Projeto Acolher, apenas 0,40% não adquiriram imunidade. Conclusão: O perfil das vítimas é compatível com o descrito em grande parte da literatura. As profilaxias, apesar de não indicadas a todos, pelo tempo de admissão, mostraram-se eficazes. Considerando as subnotificações e a maior vulnerabilidade daqueles com até 14 anos frente ao abuso sexual, a implementação da confirmação sorológica obrigatória após o esquema vacinal contra o VHB, até então preconizada apenas para grupos de risco, seria fundamental, assim como a avaliação de possíveis falhas no processo vacinal.