Ethic@: an International Journal for Moral Philosophy (Mar 2019)

Morte e vida clandestina: fronteiras raciais e a questão dos refugiados na filosofia contemporânea

  • Diego dos Santos Reis

DOI
https://doi.org/10.5007/1677-2954.2019v18n1p45
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 1
pp. 45 – 60

Abstract

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A questão dos refugiados e dos apátridas não cessou de ser tematizada na filosofia contemporânea. Pensadores como Arendt, Foucault, Mbembe e Agamben refletiram em alguns de seus escritos sobre as tensões geradas pela emergência da figura do imigrante na política global. A contínua expansão dos fluxos migratórios é hoje uma realidade mundial, bem como as tensões advindas das políticas de contenção a determinados fluxos, com o fechamento das fronteiras, o “deixar morrer” à deriva em mares internacionais, ou a recusa da entrada e permanência de refugiados de guerras e de conflitos políticos. De outro lado, com o recrudescimento do terrorismo transnacional e com a construção discursiva da ameaça islâmica – pós-11 de setembro de 2001 –, as migrações passam a ser encaradas como ameaças permanentes ligadas ao terror. O crescente nacionalismo identitário e o reforço das fronteiras parecem se contrapor, todavia, ao discurso da globalização e do neoliberalismo, que se apresentavam como a promessa de dissipação das fronteiras nos blocos regionais em prol dos acordos de livre circulação. Nesse cenário de busca por asilo e refúgio, novos desafios, impasses e questões se impõem à reflexão filosófica e ao Direito Internacional, altamente fundamentado em uma concepção estadocêntrica. Este ensaio tem por objetivo analisar filosoficamente o problema contemporâneo do refúgio atrelado à questão dos terrorismos globais e das fronteiras raciais, a partir de algumas considerações elaboradas por pensadores contemporâneos.

Keywords