Revista Brasileira de Geomorfologia (Jan 2022)

Explorando à álgebra de mapas com a EUPS e a sua utilidade para a gestão integrada: a bacia hidrográfica do córrego Pindaúva, PR, Brasil

  • Laine Milene Caraminan,
  • Eduardo Souza de Morais

DOI
https://doi.org/10.20502/rbg.v23i1.2034
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 1

Abstract

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A compreensão da erosão dos solos é de grande relevância para o manejo de recursos naturais em bacias hidrográficas. A Equação Universal de Perdas de Solos (EUPS), que é um dos modelos mais simples e utilizados para a quantificação deste processo, vem sendo aperfeiçoada e sua aplicação estendida à sistêmicas abordagens da paisagem. Neste sentido, os objetivos deste estudo foram (a) avaliar as variações temporais e espaciais das perdas de solos com emprego da EUPS em uma bacia hidrográfica com aumento de vegetação ripária e de lavouras temporárias, (b) demonstrar como a aplicação da álgebra de mapas possibilita identificar áreas de aumento, diminuição e estabilidade das perdas de solos e (c) apontar como a dinâmica de perdas de solo recente pode reorientar tomadas de decisão na restauração vegetal da bacia hidrográfica. Este estudo foi realizado na bacia hidrográfica do córrego Pindaúva (BHCP) para os anos de 1980 e 2018. A BHCP localiza-se no município de Ivaiporã, Paraná, sul do Brasil, sendo de relevante interesse os estudos de perdas de solos, pois há intenso uso agrícola e captação para abastecimento urbano nas proximidades do exutório. Os objetivos foram alcançados a partir de dados de sensoriamento remoto, técnicas de geoprocessamento e com operações booleanas em um Sistema de Informações Geográficas (SIG). Os produtos cartográficos provenientes da EUPS (anuais e álgebras de mapas) foram utilizados para aferir sobre a variação da dinâmica das perdas de solos com a distribuição geográfica das nascentes atendidas em um recente programa de restauração da vegetação. Nos anos de 1980 e 2018 verificamos o predomínio das classes de mínima e máxima perdas de solos 0-25 e >200 ton/ha.ano, respectivamente, na BHCP. Os aumentos espaciais das classes de mínima (45-50%) e máxima (15-22%) perdas de solos entre estes períodos são atribuídos, ao incremento da vegetação ripária e a consolidação das lavouras temporárias. Os menores valores de perdas de solos foram associados às menores declividades, a ordem dos Latossolos e presença de vegetação, enquanto que os maiores valores de perdas de solos foram encontrados nas áreas com as maiores declividades, presença dos Neossolos Litólicos e lavouras temporárias. As demais classes tiveram comportamento estável. Com a álgebra de mapas da EUPS foi possível avaliar a distribuição espacial do aumento (28,67%), diminuição (19,37%) e estabilidade (51,96%) das perdas de solos entre os períodos estudados na bacia hidrográfica. Com estes resultados foi constatado que as nascentes priorizadas em um programa recente de restauração vegetal não estão localizadas em áreas críticas da dinâmica de perdas de solos. A abordagem proposta contribui para enaltecer a análise dos processos erosivos associados às mudanças do uso e cobertura da terra como ferramenta de gestão integrada para diferentes equipes interdisciplinares que possuem interesse comum no manejo de áreas de perdas de solos.

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