Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

IMPLEMENTAÇÃO DE CADERNETA TRANSFUSIONAL COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO COM O MÉDICO ASSISTENTE

  • RC Torres,
  • MF Costa,
  • GMS Junior,
  • LPS Dantas,
  • PCC Santos-Júnior,
  • CS Guimarães

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S762

Abstract

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O registro correto de transfusões sanguíneas no prontuário do paciente é obrigatório de acordo com a legislação hemoterápica no Brasil, sendo imprescindível a anotação dos sinais vitais antes do início da transfusão e ao término da mesma, a data da transfusão, os números e a origem dos componentes sanguíneos transfundidos, bem como o apontamento de qualquer alteração no quadro clínico e/ou suspeita de reação transfusional, possibilitando a completa rastreabilidade do processo. Entretanto, em serviços ambulatoriais de transfusão, estes registros ficam arquivados e, na maioria das vezes, o médico assistente não solicita informações sobre o transcurso transfusional e acaba não relacionando posteriormente alguma possível reação transfusional imediata (durante a transfusão ou até 24 horas após o seu início) ou tardia (24h após a transfusão), podendo mascarar o quadro clínico real do paciente. Diante desta realidade, objetivou-se implementar uma caderneta de transfusão para cada paciente atendido. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência a partir do sucesso de uma boa prática implementada. Foi construída uma caderneta de transfusão na qual são registrados os dados de identificação do paciente (nome completo e data de nascimento), data da transfusão, a identificação do médico assistente, tipo e quantidade do hemocomponente utilizado, classificação do paciente de acordo com o protocolo de deterioração clínica News, registros de reação transfusional, os sinais vitais no início e final da transfusão, comorbidades, presença ou não de alergia e observações pertinentes. Todo paciente novo no serviço ambulatorial recebe sua caderneta preenchida no final do atendimento e é orientado a mostrar ao seu médico assistente na próxima consulta e trazer a caderneta a cada nova transfusão para a devida atualização. Resultados e discussão: A aceitação dos pacientes e acompanhantes do novo processo foi positiva, visto que demonstraram satisfação e segurança no serviço prestado por meio de pesquisa de satisfação, na qual dos 75 (100%) participantes, 71 (95%) afirmaram que acharam uma ótima ferramenta de controle transfusional e apenas 04 (5%) relataram que bastaria o registro no prontuário. Ao considerar os 32 (100%) médicos que responderam à pesquisa de satisfação, todos avaliaram positivamente a implementação da caderneta de transfusão, pois permite uma melhor comunicação entre o serviço de hemoterapia e o médico assistente. Vale ressaltar que, de acordo com o Manual para o Sistema Nacional de Hemovigilância no Brasil (2022), toda suspeita de reação transfusional, reações confirmadas, prováveis, possíveis, improváveis e inconclusivas devem ser notificadas no sistema NOTIVISA. Destaca-se que evidências científicas demonstram a ocorrência de reações hemolíticas tardias até 90 dias após a transfusão, o que reforça a necessidade de identificação e registro de quadro clínico ou laboratorial que possam ser consequência de uma transfusão sanguínea, para nortear ações de retrovigilância e hemovigilância. Conclusão: A caderneta implementada foi efetiva em relação ao acesso às informações transfusionais dos pacientes como estratégia de hemovigilância, contribuindo para a correlação entre sinais, sintomas e possíveis reações transfusionais imediatas ou tardias, permitindo a análise crítica do tipo de hemocomponentes e medidas preventivas futuras a serem adotadas para evitar reações transfusionais.