Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

CEFTAZIDIMA-AVIBACTAM NO TRATAMENTO DE INFECÇÕES POR ENTEROBACTÉRIAS RESISTENTES A CARBAPENÊMICOS: DADOS PRELIMINARES

  • Jonas Atique Sawazaki,
  • Brenda C. Reck de Oliveira,
  • Gabriel Berg de Almeida,
  • Jessica C. Santos Prandini,
  • Sebastião Pires Ferreira Filho,
  • Ricardo de Souza Cavalcante

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102396

Abstract

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Introdução: As infecções causadas por enterobactérias resistentes a carbapênicos (CRE) representam um importante desafio na atualidade, seja por sua incidência crescente nos hospitais, seja pelo escasso arsenal terapêutico disponível. Nos últimos anos, tornou-se disponível no Brasil a ceftazidima-avibactam (CAZ-AV), uma opção terapêutica atrativa para tratamento das infecções por CRE por sua potência e segurança comparada aos antimicrobianos mais amplamente utilizados como polimixinas, aminoglicosídeos e tigecilina. Objetivo: Este estudo teve o objetivo de avaliar uma série de casos de pacientes tratados com CAZ-AV bem como seu desfecho clínico. Método: Foi avaliada uma série de casos de pacientes com infecção por CRE e tratados com CAZ-AV durante os anos de 2020 e 2021 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, quanto as características epidemiológicas, clínicas, laboratoriais e resultado terapêutico. Variáveis categóricas foram comparadas pelo teste Exato de Fisher e as contínuas pelo teste U de Mann-Whitney, sendo considerado significativo um valor de p menor que 0,05. Resultados: Foram avaliados 46 pacientes tratados com CAZ-AV. A média de idade foi de 55,6 ± 14,8 anos e do escore de Charlson de 2,0 ± 2,0. A média do tempo de internação foi de 59,3 ± 42,1 dias. A principal CRE identificada foi Klebsiella pneumoniae, em 91,3% dos pacientes e a resistência às polimixinas foi observada em 78,3% dos isolados. A infecção mais comum foi do trato urinário (32,6%), seguido de infecção de sítio cirúrgico (26,1%), infecção de corrente sanguínea (23,9%) e pneumonia (17,4%). Dezessete pacientes (37,0%) estavam em terapia intensiva. O tempo médio de uso de CAZ-AV foi de 11,6 ± 5,6 dias. A mortalidade geral foi de 30,4%, não diferindo entre os diferentes sítios de infecção (p = 0,69). Houve uma tendência de maior mortalidade em pacientes sob cuidados intensivos (47,1 vs 20,7%; p = 0,06) e naqueles sob terapia substitutiva renal (75,0 vs 26,2%; p = 0,07). Conclusão: Apesar da elevada mortalidade, a CAZ-AV mostra-se uma importante opção terapêutica para infecções por CRE considerando a gravidade dos pacientes avaliados.