Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-253 - DIABETES INSÍPIDOS APÓS NEUROTUBERCULOSE EM PESSOA VIVENDO COM HIV: UM RELATO DE CASO

  • Paula Leite,
  • Adriane Gomes,
  • Layanne Paz,
  • Gabryela Couto,
  • Carlos Eduardo Padilha,
  • Manuela Fé,
  • Amanda Furtado,
  • Raissa Nunes

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104165

Abstract

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Introdução: A diabetes insípidos resulta da disfunção da neurohipófise em liberar arginina vasopressina, levando à polaciúria, polidipsia e hipernatremia. Pode ser uma afecção genética ou, como na maioria dos casos, adquirida, secundárias à traumas, tumores, alterações vasculares ou infecções, dentre elas meningite tuberculosa (MT). Infecção esta, com prevalência em pessoas vivendo com HIV (PVHIV), e que tem como principais sintomas cefaleia, febre, vômitos, mudança de comportamento e alteração do sensório. Objetivo: Relato de caso de PVHIV com diabetes insípidos secundário à meningite tuberculosa, buscando revisar as diversas manifestações da neurotuberculose, especialmente em PVHIV. Método: I.G.S., sexo feminino, 51 anos, PVHIV diagnóstico recente, chega ao Hospital das Clinicas da Universidade Federal de Pernambuco com quadro inicial de diarreia, náusea, vômitos, febre intermitente e perda de 15kg em 3 anos. Inicialmente diagnosticada com citomegalovírus e monilíase esofagiana e apresentando hipernatremia importante. Evoluiu com infecção de corrente sanguínea e choque séptico, seguido por lentificação, sendo realizada punção líquorica que apresentou teste molecular para tuberculose (geneXpert) positivo. Manteve hipernatremia persistente e, em nova anamnese, relatou polidipsia e polaciúria há cerca de 5 anos. Foi realizado tomografia seios nasais em rastreio infeccioso, em que foi visualizado sela túrcia parcialmente vazia, confirmada em ressonância magnética (RNM) de crânio. Foi realizado o teste com acetato de desmopressina (DDAVP) com boa resposta clínica, concluindo o diagnóstico de diabetes insípidos. Resultados: Após descartar trauma e outras causas desencadeadoras de diabetes insípidos, a MT ficou como principal hipótese, mesmo com limitações como não haver RNM de crânio prévias e difícil temporalização do início dos quadros clínicos. Conclusão: Conclui-se que apesar de ser uma afecção comum em PVHIV, deve-se atentar a diversas formas de manifestações e possíveis patologias desencadeadas pela MT. Ademais, a paciente evoluiu com melhora total após tratamento com terapia padrão para MT e com bom controle da diabetes insípidos após tratamento e acompanhamento com endocrinologia e adesão ao tratamento adequado.