Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Jan 2011)

Quimioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia radical em paciente grávida com câncer de colo de útero: relato de caso e revisão de literatura Neoadjuvant chemotherapy followed by radical surgery in pregnant patient with invasive cervical cancer: case report and literature review

  • Allex Jardim da Fonseca,
  • Anderson Cesar Dalla-Benetta,
  • Leonardo Pires Ferreira,
  • Cibelli Roldan Navarro Martins,
  • Cynthia Dantas Macedo Lins

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72032011000100007
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 1
pp. 43 – 48

Abstract

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Em pacientes grávidas portadoras de câncer de colo de útero (CCU), as opções terapêuticas dependem da idade gestacional, do estágio clínico e do desejo da paciente. Alguns autores relataram casos de quimioterapia neoadjuvante seguidos de cirurgia radical nessas pacientes. O objetivo deste artigo foi revisitar o assunto, adicionar um novo caso e revisar a literatura. Relatamos o caso de uma mulher de 30 anos, na 24ª semana de gestação, que teve diagnóstico de câncer de colo de útero (carcinoma escamoso grau II), estágio IIB (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia - FIGO). Nulípara, a paciente recusou a interrupção da gravidez. Após meticuloso esclarecimento, a paciente aceitou tratamento com quimioterapia neoadjuvante com cisplatina 75 mg/m² e vincristina 1 mg/m², além de posterior avaliação de cirurgia radical e parto cirúrgico concomitantes. Quatros ciclos completos de quimioterapia foram administrados sem atrasos ou efeitos adversos importantes. Poucos dias antes da data programada para a cirurgia, a paciente foi admitida em trabalho de parto na 37ª semana de gestação. Devido à resposta clínica completa do tumor, a equipe obstétrica optou por monitorar o trabalho de parto, e a paciente deu à luz um recém-nascido de 2.450 g, sem intercorrências. A cirurgia radical foi realizada três dias após o parto, e a análise histopatológica revelou carcinoma confinado ao colo sem envolvimento linfonodal. Mãe e filho se encontram em bom estado geral 12 meses após o parto. Quimioterapia baseada em cisplatina durante o segundo ou terceiro trimestre da gravidez parece ser uma opção para as pacientes que não desejam a interrupção da gravidez enquanto se aguarda a maturidade fetal. Entretanto, estudos adicionais são necessários para confirmar o prognóstico e a segurança dos recém-nascidos e das pacientes.The treatment options for pregnant patients with invasive cervical cancer (ICC) depend on gestational age, clinical stage and the patient's wishes. Some authors have reported cases of neoadjuvant chemotherapy followed by radical surgery in these patients. The aim of this paper was to revisit this subject and to add a new case and review the literature. We report the case of a 30 year-old woman in the 24th week of gestation. She was diagnosed with ICC (squamous cell carcinoma grade 2), stage IIB (International Federation of Gynecology and Obstetrics - FIGO). Nulliparous, the patient refused to interrupt the pregnancy. After meticulous counseling, the patient accepted treatment with neoadjuvant chemotherapy (cisplatin 75 mg/m² and vincristine 1 mg/m²) and subsequent evaluation of radical surgery concomitant to a cesarean section. Four complete cycles of chemotherapy were administered without delays or significant adverse effects. A few days before the date scheduled for surgery, the patient was admitted in advanced labor (37th week of gestation). Due to tumor clinical response, the obstetric team decided to monitor the labor, and the patient gave birth to a male newborn (2,450 g) uneventfully. Radical surgery was performed three days after birth, and histopathology analysis revealed carcinoma confined to the cervix without lymphatic involvement. Mother and son are in good general condition 12 months after delivery. Cisplatin-based chemotherapy during the second or third trimester of pregnancy appears to be a safe option for patients who do not wish to interrupt a pregnancy while awaiting fetal maturity. However, additional studies are needed to confirm the prognosis and assure the safety of newborns and patients.

Keywords