Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

ESTUDO DE COORTE DE PACIENTES ADULTOS COM ENDOCARDITE INFECCIOSA

  • Mariana Giorgi Barroso de Carvalho,
  • Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida,
  • Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo,
  • Rafael Quaresma Garrido,
  • Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa,
  • Wilma Félix Golebiovski,
  • Bruno Zappa,
  • Clara Weksler,
  • Marcelo Goulart Correia,
  • Cristiane da Cruz Lamas

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103165

Abstract

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Introdução: A endocardite infecciosa (EI) é uma doença grave, com alta mortalidade. Nosso objetivo é descrever uma série de pacientes adultos com EI atendidos em um centro de referência cardiológico, destacando suas especificidades. Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos de 2006 a 2023 prospectiva e consecutivamente. Análise estatística foi realizada nos softwares Jamovi 1.6 e R 4.0.1. Resultados: Houve 502 episódios de EI no período do estudo. A média de idade ± DP foi de 48,4±17,2 anos; 327(65,1%) eram homens. Aquisição comunitária ocorreu em 324(64,7%), e nosocomial em 128(25,5%). A EI precoce de prótese valvar foi responsável por 59/502(11,7%) casos e a EI tardia de prótese por 99(19,7%). Na história pregressa, 203(40,4%) tinham feito cirurgia cardíaca, 196(39,0%) tinham insuficiência cardíaca congestiva (ICC), 107(21,4%) insuficiência renal crônica. As principais predisposições para EI foram valvopatia reumática (VP) em 151(30,7%), prótese valvar em 31,5%, cardiopatia congênita em 73(14,5%), EI prévia em 64(12,7%). Vegetações foram observadas na valva mitral em 235(46,8%), aórtica em 207(41,2%), e em dispositivos intracardíacos, em 37(7,4%). Febre ocorreu em 90,4%, novos sopros regurgitantes em 50,7%, embolia em 45%, esplenomegalia em 19,2%; Nódulos de Osler, lesões de Janeway, hemorragias subconjuntivais e hemorragias subungueais foram vistos em menos de 5% cada. Proteína C reativa estava elevada em 72,3% e VHS em 20,7%. Hemoculturas foram colhidas em 98,6%, sendo positivas em apenas 67,7%. Patógenos mais frequentemente isolados foram estreptococos do grupo viridans, EGV (19,3%), S.aureus(10,4%) e enterococos(12,2%). As principais complicações foram IC aguda, em 291(58%), insuficiência renal aguda (32,8%), abscesso miocárdico (21,6%), evento neurológico central (26,1%) e embolização esplênica (35,2%). A cirurgia foi indicada para 418(83,4%) e efetivamente realizada em 352(74,7%). A mortalidade intra-hospitalar foi de 125/502(25%). Conclusões: Em nosso centro, predominou a EI esquerda, com hemoculturas negativas. EGV foram os patógenos mais frequentemente encontrados nas hemoculturas positivas. A VR foi a principal predisposição. Esses achados diferem daqueles descritos em séries de países em desenvolvimento. A indicação cirúrgica foi frequente, devido ao viés de referenciamento, e a mortalidade geral foi alta, mas semelhante à literatura de centros cardiológicos brasileiros.

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