Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Aug 1994)

Achados neurológicos e laboratoriais em população de área endêmica para teníase-cisticercose, Lagamar, MG, Brasil (1992-1993) Neurologic and laboratory findings in population of endemic area for teniasis-cysticercosis, Lagamar, MG, Brazil (1992-1993)

  • Mario León Silva-Vergara,
  • Cláudio de Oliveira Vieira,
  • João Henrique Castro,
  • Luciane Giroto Micheletti,
  • Arturo Santana Otaño,
  • João Franquini Jr.,
  • Marinice Cabral,
  • Alfredo Leboreiro,
  • Jaime Olavo Marques,
  • Wandir Ferreira de Souza,
  • Julia Maria Costa-Cruz,
  • Aluízio Prata

DOI
https://doi.org/10.1590/S0036-46651994000400006
Journal volume & issue
Vol. 36, no. 4
pp. 335 – 342

Abstract

Read online

Realizou-se um inquérito clínico-epidemiológico em área endêmica para teníase-cisticercose. Foram examinados 1080 (32,2%) indivíduos da população total, encontrando-se 198 (18,3%) indivíduos referindo antecedente de teníase, e 103 (9,5%) apresentaram história anterior ou atual de convulsões. Destes últimos, 39 (37,8%) referiram início das crises na vida adulta, e 62 (60%) foram avaliados laboratorialmente. Em 21 (33,8%) casos, o resultado da tomografia mostrou calcificações intracranianas compatíveis com neurocisticercose, em número e localização variáveis, mas sem evidência de atividade da doença. Traçados eletroencefalográficos anormais foram lidos em 21 (33,8%) pacientes e alterações no exame do líquido cefalorraquiano (LCR) detectadas em 27 (43,5%), em 3 (4,8%) foi verificada presença de eosinófilos. Somente LCR de 26 (41,9%) pacientes foram submetidos a pesquisa de anticorpos para cisticerco, obtendo-se positividade em 6 (23%) deles, por ensaio imunoenzimático (ELISA) ou reação de imunofluorescência indireta. Outras alterações do LCR foram devidas a aumento variável das proteínas. Considerando-se os fatores epidemiológicos de risco para teníase-cisticercose na região estudada e sua correlação com as alterações laboratoriais mencionadas acima com as crises convulsivas, encontra-se uma provável prevalência de 1,9% para a neurocisticercose.A clinic-epidemiological enquiry was conducted on in an endemic area for teniasis-cysticercosis. From the whole population 1080 (32.2%) individuals were examined. We found 198 (18.3%) individuals refering teniasis-bearing in the past, and 103 (9.5%) affirming to have had convulsions, either in the past or present. From the last group, 39 (37.8%) indicated that the crisis had begun in adulthood. From the group of patients presenting convulsions, 62 (62%) had laboratory tests performed. Computed tomography showed intracranial calcifications in 21 (33.8%) patients, variable in number and location, suggesting neurocysticercosis and no evidence of disease activity. Electroencephalograms showed abnormal waves in 21 (33.8%) patients and cerebrospinal fluid analyses were altered in 27 (43.5%) cases, having detected eosinophils only in 3 (4.8%) patients. Spinal fluid tests for cysticercosis through enzyme linked immunosorbent assay (ELISA) or indirect imunofluorescence were taken in only 26 (41.9%) patients, obtaining positive results in 6 (23%) samples. Varying upward shifts of protein levels were found in spinal fluid analysis. Assuming that all epidemiologic risk factors for teniasis-cysticercosis in the studied region and its correlation with the laboratory alterations described in convulsing crisis, a prevalence of 1.9% for neurocysticercosis was found.

Keywords