Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
OR-34 - O CAMINHO PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE STEWARDSHIP NO MUNICÍPIO DE RIO CLARO - SP: CONQUISTAS E DESAFIOS
Abstract
Introdução: A resistência bacteriana aos antimicrobianos é uma grande ameaça à saúde pública mundial, gerando uma série de consequências que comprometem, não apenas os pacientes, mas toda a população, contribuindo com o aumento da morbidade e mortalidade e do período de internação do paciente. Além disso a resistência bacteriana impõe enormes custos a todos os países, levando a saturação dos sistemas de saúde. Com o advento da pandemia, foi observado o uso em grande escala de antimicrobianos, em especial nos pacientes mais críticos. Objetivo: Com o aumento do uso de antimicrobianos injetáveis em pacientes internados, principalmente nas unidades de pronto atendimento (UPA) Chervezon, destinada ao Covid-19, a Comissão de Farmacoterapia, juntamente com a Diretoria de Atenção em Saúde, Divisão de Urgência / Emergência e Atenção Básica e Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do município, constata a necessidade de um Protocolo Clinico e Diretrizes Terapêuticas para Dispensação de Antimicrobianos no Município. Método: O projeto implicou na idealização e construção do protocolo entre setembro de 2021 a dezembro de 2021. Treinamento da equipe multidisciplinar e médica entre os meses de janeiro a março de 2022. Publicação do protocolo em Portaria, em Diário Oficial em março de 2022. Instrumentalização para controle de antimicrobianos de amplo espectro a partir de abril de 2022. Discussão de casos clínicos com infectologista e internista dos pacientes internados na UPA, considerando a permanência de leitos de internação nesta unidade mesmo após a pandemia. Resultados: Considerando os antimicrobianos mais utilizados na UPA Cherveson, nota-se diminuição do uso de Ceftriaxone em 15% entre 2021 e 2022 e de 16% entre 2022 e 2023; Piperacilina-Tazobactam com queda de 70% em uso entre 2021 e 2022 e 33% entre 2022 e 2023; Vancomicina queda de 66% do consumo entre 2021 e 2022, mantendo o mesmo consumo em 2023. Com relação ao consumo total de injetáveis houve queda do uso em 18% entre 2021 e 2022 e de 10% entre 2022 e 2023. Apenas o Meropeném apresentou uma queda em consumo entre 2021 a 2022 de 33% e em 2023 volta a ser consumido em maior escala, porém com seu uso racional mediante justificativa. Conclusão: Há muitos desafios no controle do uso de antimicrobianos, com necessidade de aumento da equipe de trabalho, treinamento contínuo de novos colaboradores e atenção a prescrição adequada de antimicrobianos. Nota-se que a iniciativa pública pode desencadear o processo de conscientização do uso racional de antimicrobianos.