Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PBM E GESTÃO DE HEMORRAGIA PÓS-PARTO EM MULHERES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS

  • WLA Costa,
  • JFC Sampaio,
  • SL Vasconcelos,
  • JL Vasconcelos,
  • AS Mota,
  • IGB Rocha,
  • IA Estevam,
  • BS Araujo,
  • SL Rodrigues,
  • IFM Heineck

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S111

Abstract

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Objetivos: A hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna. Em mulheres com coagulopatias hereditárias, como hemofilia ou doença de von Willebrand, o risco é particularmente elevado devido à capacidade reduzida de coagulação. O Protocolo de Gestão do Sangue do Paciente (PBM) tem sido uma alternativa para mulheres com tais coagulopatias. O PBM pode incluir administração de fatores de coagulação, agentes hemostáticos e técnicas cirúrgicas menos invasivas. Este estudo tem como objetivo analisar as intervenções disponíveis e suas implicações na gestão da HPP para essa população de alto risco. Material e métodos: Este estudo consiste em uma revisão sistemática, cuja pergunta norteadora é: “como gerir a HPP em pacientes com coagulopatias hereditárias?” Para isso, buscou-se artigos dos últimos 10 anos nas bases de dados PubMed e Scielo, utilizando os descritores “pbm” e “hemorrhage or bleeding” e “postpartum or childbirth” e “inherited bleeding disorders”. Os critérios de inclusão foram artigos relacionados ao tema, nas línguas inglesa ou portuguesa. Foram encontrados 38 artigos ao todo, sendo 2 selecionados para compor a base principal desta revisão. Resultados: Os artigos analisados identificaram os principais fatores de risco para a hemorragia pós-parto (HPP) como histórico prévio, múltiplas gestações, hipertensão gestacional, corioamnionite, episiotomia e macrossomia fetal. Pacientes com distúrbios hemorrágicos hereditários apresentam maior risco de desenvolver HPP, mesmo com a reposição de fatores de coagulação. Em casos de HPP, deve-se controlar a hemorragia e posteriormente repor ferro intravenoso. A administração de um agente estimulador da eritropoiese pode ser considerada em alguns casos. Transfusões autólogas não são recomendadas devido aos riscos de anemia iatrogênica e contaminação bacteriana. Apesar da teratogenicidade de muitos antitrombóticos, os artigos recomendam o uso de heparina de baixo peso molecular como tromboprofilaxia para tromboembolismo venoso. Os guidelines indicam a administração de ocitocina endovenosa como profilaxia para HPP. Discussão: Com exceção do fator XI, todos os outros fatores de coagulação aumentam durante a gravidez em mulheres normais, protegendo-as contra perda excessiva de sangue durante a separação placentária. Contudo, em mulheres com coagulopatias, o processo de coagulação fica deficitário. Ademais, muitas condições podem prejudicar ainda mais tal processo ou exacerbar o sangramento, como os fatores de risco já mencionados e o trauma. Assim, os planos de manejo para o trabalho de parto, o parto e o cuidado pós-parto devem ser individualizados após avaliação de risco antenatal multidisciplinar durante o terceiro trimestre da gravidez. Conclusão: Portanto, visto a alta morbidade e mortalidade da HPP, especialmente em mulheres com coagulopatias hereditárias, destaca-se a importância do acompanhamento especializado e do planejamento de medidas preventivas e de tratamento. Para isso, vale observar as particularidades do grupo de mulheres em foco. As principais recomendações são o uso profilático de heparina e de ocitocina bem como o tratamento com reposição de ferro ou de estimulador da eritropoiese, além de evitar transfusões autólogas.