Revista Brasileira de Educação Médica (Apr 2025)

Educação experiencial de Carl Rogers como perspectiva para a educação médica

  • Maria Gabriela Parenti Bicalho,
  • Ana Beatriz Torres de Oliveira,
  • Isabela Cristina Ribeiro

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-5271v49.1-2024-0220
Journal volume & issue
Vol. 49, no. 2

Abstract

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RESUMO Introdução: As demandas contemporâneas para a educação médica propõem uma formação ampliada que alie conhecimentos e habilidades humanísticos à necessária formação técnica e científica. Desde as Diretrizes Curriculares para a graduação em Medicina promulgadas em 2001, os cursos de Medicina do país atravessam movimentos de reestruturação curricular, buscando, entre outros aspectos, a construção do perfil do profissional empático e sensível a demandas sociais. O ensaio analisa contribuições que a teoria da educação experiencial, proposta pelo psicólogo Carl Rogers, pode fornecer à discussão sobre educação médica. Desenvolvimento: Carl Rogers (1902-1987) é um representante da psicologia humanista, e sua proposta, inicialmente direcionada à psicoterapia, ampliou-se para outros campos e constituiu a Abordagem Centrada na Pessoa. A valorização da experiência vivenciada na relação é uma das premissas de sua teoria, tanto para a psicoterapia quanto para a educação. A aprendizagem acontece quando experienciada e apropriada pelo sujeito, e esse processo é vivenciado pela pessoa toda, cognitiva e sensivelmente. A promoção dessa proposta está ligada a condições facilitadoras, três delas diretamente ligadas à atuação dos professores: compreensão empática, consideração positiva incondicional e genuinidade, que compõem um jeito de ser docente. Essa postura docente seria justificada pela noção de tendência atualizante, que levaria a uma crença nos estudantes como capazes de se direcionar para a aprendizagem. Outras duas condições facilitadoras da educação experiencial estão relacionadas à centralidade do problema e à forma de utilização dos recursos didáticos. A importância da postura docente e das relações professor-estudante é reconhecida por estudos no campo da educação médica, de maneira coerente com a proposta de Carl Rogers. Conclusão: A teoria da educação experiencial pode contribuir para a compreensão das possibilidades da educação médica, no sentido da formação dos estudantes no campo das aprendizagens necessárias para a formação humanística e reflexiva.

Keywords