Revista Brasileira de Educação Médica (Jan 2020)

Uso de Álcool por Estudantes de Medicina segundo Características de Cursos e Escolas Médicas: uma Revisão da Literatura

  • Maria Isabel do Nascimento,
  • Juliana dos Santos Costa,
  • Marcos André Pereira,
  • Meika Santana Kiepper,
  • Natália Braga Keher,
  • Roberta Fernandes Silva e Moraes

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-5271v43suplemento1-20190128
Journal volume & issue
Vol. 43, no. 1 suppl 1
pp. 98 – 107

Abstract

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RESUMO Introdução O álcool é fator de risco para várias condições de saúde e responde por mais de 3 milhões de óbitos por ano no mundo. A substância contribui para o desenvolvimento de doenças crônicas, como as cardiovasculares e o câncer, e para condições agudas relacionadas ao efeito direto sobre o sistema nervoso central. Apesar disso, seu uso constituí prática comum entre estudantes, particularmente entre os alunos de Medicina. Os objetivos do presente estudo foram: (i) fazer uma revisão de literatura para identificar estudos de prevalência de uso de álcool entre estudantes de Medicina de escolas brasileiras; (ii) analisar as estimativas de prevalência de uso de álcool segundo características dos cursos e das escolas médicas. Método Trata-se de revisão da literatura efetuada para resgatar publicações nas bases bibliográficas (i) Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (Lilacs), utilizando a combinação de descritores de saúde [(estudantes de medicina AND álcool)], e (ii) US National Library of Medicine of National Institute of Health (Medline/Pubmed), usando a combinação de descritores de saúde [(medical students AND alcohol AND Brazil)]. Os padrões de uso de álcool nos últimos sete dias (7D), 30 dias (30D) e último ano (ANO) foram analisados pela visualização de gráficos de ações e de dispersão, bem como pela verificação de correlação. Resultados Foram incluídos 14 estudos, dos quais oito foram desenvolvidos na Região Sudeste. A maior parte das instituições envolvidas tinha administração pública (n = 8) e estava localizada em capitais (n = 8). A prevalência de uso de álcool nos últimos sete dias variou de 23,0% a 46,5%; nos últimos 30 dias, variou de 20,2% a 87,6%; e no último ano, variou de 79,3% a 92,9%. A correlação da prevalência com a carga horária do curso e com o tempo de existência da escola mostrou intensidade fraca nos três padrões de uso analisados. No padrão de uso de sete dias, a direção da correlação foi negativa nas duas características (carga horária do curso e tempo de existência da escola). Nos últimos 30 dias, a direção da correlação foi negativa com a carga horária e positiva com o tempo de existência da escola. No último ano, a direção da correlação foi positiva com a carga horária e negativa com o tempo de existência da escola. Conclusões O uso de álcool é tema recorrente na literatura científica no Brasil, e as prevalências de uso nos últimos sete dias, 30 dias e último ano são altas entre estudantes de Medicina. A influência das características de escolas médicas e de cursos de Medicina sobre o uso de substâncias psicoativas carece de mais atenção da comunidade científica, sendo notória a necessidade do envolvimento das instituições de ensino superior no controle do problema do álcool no Brasil.

Keywords