Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

HIPERPIGMENTAÇÃO MUCOCUTÂNEA SECUNDÁRIA À TERAPIA COM HIDROXIUREIA

  • ACAD Santos,
  • RM Almeida,
  • ADC Gusmão,
  • JAS Lopes,
  • OFD Santos,
  • TS Espósito,
  • NC Abreu,
  • MA Costa,
  • CM Oliveira,
  • DOW Rodrigues

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S483

Abstract

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Objetivo: Revisar a literatura científica sobre as manifestações dermatológicas secundárias à terapia de hidroxiureia (HU), em especial a hiperpigmentação mucocutânea, discutindo sua fisiopatogenia, frequência e a conduta na vigência do evento adverso. Material e métodos: Foi realizada revisão integrativa da literatura na base de dados PubMed/Medline utilizando os descritores “Hyperpigmentation”e “Hydroxyurea”. Foram incluídos artigos originais e de revisão, nos idiomas inglês e português, publicados entre 1974 e Julho/2021. Foram excluídos artigos que não abordaram a hiperpigmentação relacionada ao uso de HU. Dos 56 estudos encontrados, 26 foram selecionados seguindo critérios de inclusão e de exclusão para compor a presente revisão bibliográfica. Resultados: HU é uma droga citostática utilizada para inibir a enzima ribonucleotídeo redutase na fase S da replicação celular bloqueando a síntese de DNA e inibindo a divisão celular. A terapia com HU pode apresentar eventos adversos dose-dependentes e reversíveis em até 43% dos pacientes. Dentre as manifestações dermatológicas associadas ao fármaco cita-se xerose cutânea, hiperpigmentação mucocutânea, ulcerações, erupções liquenoides, alopecia, aftose, eritema semelhante a dermatomiosite, cromoníquia, atrofia de pele, descamação de face, mãos e pés, ceratose actínica e carcinomas cutâneos. Estima-se que a hiperpigmentação mucocutânea possa acometer até 50% dos pacientes que fazem uso de HU. Nesse cenário, os relatos de melanoníquia são os mais prevalentes e a hiperpigmentação da cavidade oral e/ou de língua é rara. Teorias foram postuladas sobre a fisiopatogenia da hiperpigmentação relacionada ao uso de HU, como ativação dos melanócitos, fotossensibilização induzida pela droga e deposição na derme de um complexo de ferro formado a partir do metabólito da HU. Acredita-se que exista predisposição genética correlacionada ao evento. Discussão: A HU é um medicamento utilizado no tratamento de doenças mieloproliferativas, anemia falciforme e psoríase. Os efeitos colaterais cutâneos associados à HU são subestimados e possuem curso benigno. As lesões hipercromáticas possuem distribuição imprevisível e são prevalentes em tratamentos de longo prazo,o tempo estimado de uso da HU para que ocorram é extremamente variável. Seu acometimento não exige a interrupção do uso da droga, em alguns casos, pode ser necessário realização de estudo histopatológico para diagnóstico diferencial. Conclusão: A hiperpigmentação de pele e mucosas associado à HU é um evento benigno, reversível, de caráter estético e que não exige a interrupção da droga. Reconhecer tal evento adverso permite ao médico especialista tranquilizar o paciente e evitar a interrupção do tratamento desnecessariamente.