Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

HISTOPLASMOSE DISSEMINADA EM PACIENTE PÓS-TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS

  • MR Sagrilo,
  • BBC Paula,
  • LPD Santos,
  • VG Weber,
  • G Bellaver,
  • WF Silva,
  • JC Salvador,
  • GB Fischer,
  • A Zago

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S541

Abstract

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Introdução: A histoplasmose é uma doença infecciosa com apresentações variáveis, desde uma infecção pulmonar crônica até em formas disseminadas e agudas. Na literatura, a maior parte dos casos relacionados ao Transplante de Células Tronco Hematopoéticas (TCTH) pertencem ao TCTH alogênico. O presente trabalho pretende discorrer sobre a apresentação atípica desta infecção em um paciente com diagnóstico de Linfoma de Hodgkin (LH) Clássico 6 meses após o TCTH autólogo. Material e métodos: Relatamos o caso de um paciente assistido em hospital universitário público do interior do Rio Grande do Sul e revisão de literatura em bibliotecas eletrônicas, utilizando os termos “Histoplasmosis in transplant recipients”. Resultados: Homem, 30 anos, com LH Clássico, subtipo Depleção Linfocitária, Estágio Clínico IV B, desde novembro/21. Realizou 3 linhas de quimioterapia prévias à realização do TCTH, o qual ocorreu em fevereiro/2023 e vinha em uso de Brentuximabe Vedotina a cada 21 dias. Em abril/2023, passou a apresentar sudorese, picos febris vespertinos e perda ponderal. Realizado PET-CT, demonstrando aumento da atividade metabólica de linfonodos cervicais, axilares e retroperitoneais, além de, surgimento de lesões ósseas hipermetabólicas. Internou com quadro de insuficiência respiratória, cuja TC do tórax demonstrou pequenos nódulos distribuídos difusamente em ambos os pulmões, tendo como principal suspeita processo infeccioso, todavia, também devendo-se considerar a possibilidade de se tratar da doença de base. Realizado lavado broncoalveolar, com a presença de hifas hialinas septadas. Coletado material medular para análise patológica e cultura. No mielograma, observaram-se numerosos histiócitos, com restos celulares em meio ao citoplasma e o anatomopatológico mostra comprometimento medular pelo LH. Pesquisa de anticorpo urinário para histoplasmose, com resultado reagente. Realizou terapia com Anfotericina B Complexo Lipídico por 14 dias com excelente evolução clínica. Aguarda atualmente inicio de Pembrolizumabe para tratamento de recaída do LH. Discussão: A incidência desta patologia após o TCTH ainda permanece desconhecida, porém se acredita que ela seja rara, ainda mais em paciente submetidos ao transplante autólogo. Durante pesquisa realizada não fora encontrado nenhum relato em paciente com LH Clássico pós TCTH autológo. A apresentação clínica nestes pacientes geralmente inclui sintomas inespecíficos, como febre, fadiga, náuseas, vômitos, perda de peso e anorexia. O padrão ouro para diagnóstico é o isolamento do fungo em meio de cultura. Antígenos para histoplasma podem ser pesquisados na urina ou soro. No que se refere à forma disseminada, o uso do antígeno possui maior sensibilidade, visto haver maior carga de infecção fúngica. Além disso, a depuração do antígeno pode ser usada para monitorar a resposta ao tratamento. O tratamento se pauta no uso de azólicos, os quais possuem ação fungicida e a anfotericina B que causa a morte celular. Conclusão: Histoplasmose disseminada é comum em indivíduos imunocomprometidos, porém mais rara em paciente transplantados de medula óssea. A ocorrência em pacientes hematológicos é mais comumente relatada em pacientes submetidos a TCTH alogênicos. Neste caso, relatamos o acometimento de um paciente com histórico de LH, pós TCTH autólogo, com doença atualmente recaída e que teve excelente controle infeccioso com tratamento fungicida.