Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE CHEMSEX EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO DEPARTAMENTO DE MOLÉSTIAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS DE UM COMPLEXO HOSPITALAR
Abstract
Introdução: Chemsex é definida como a prática sexual com uso de substâncias psicoativas (SP). Há poucos estudos sobre a prevalência de Chemsex no Brasil, refletindo a precariedade de discussão acerca do tema, muito baseado no modelo de sociedade brasileira, o qual ainda tem o sexo como tabu. O uso de aditivos recreativos durante o sexo pode afetar nas práticas de prevenção à aquisição de infecções sexual transmissíveis (IST), diminuindo, por exemplo, o uso de preservativos e aumentando a exposição dos praticantes à adquirirem tais infecções. A necessidade de se conhecer sobre Chemsex dentro da prática de saúde se dá na urgência de se criar formas de acolher, respeitar e abrir diálogos acerca de formas de prevenção e promoção de saúde para com aquisição de ISTs dentro do atendimento diário. Objetivo: O estudo visou averiguar o conhecimento dos profissionais acerca do tema, acessando conceitos de prevenção e promoção de saúde para com os usuários do nosso serviço. Método: Estudo de coorte transversal, prospectivo, com aplicação de um questionário aplicado pelo REDCap, nos locais de atuação de profissionais do departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Complexo HC-FMUSP. Resultados: Foram avaliados 62 profissionais no total, com prevalência de médicas e médicos (75%), mostrando 93% de respostas afirmativas entre médicos assistentes e 90% entre médicos residentes (p = 0,594) sobre o conhecimento acerca de Chemsex. Na discussão sobre orientação de redução de danos e efeitos no uso de Chemsex, apenas 30% dos profissionais médicos assistentes responderam afirmativamente sobre acreditar conseguir realizar tal orientação, comparado com 14% dos médicos residentes (p = 0,183). Quando comparados profissionais médicos com os demais profissionais da equipe multidisciplinar, obtivemos 23% e 21%, respectivamente (p = 0,610). Sobre o serviço de saúde, 87% dos participantes afirmaram que seus serviços nunca realizaram avaliação direta sobre uso de Chemsex entre seus pacientes. Apenas 29% dos participantes afirmaram ter recebido algum treinamento ou participado de alguma aula/palestra que abordasse sobre Chemsex e os riscos associados à sua prática. Conclusão: O estudo mostrou que há uma paridade entre o conhecimento acerca de Chemsex e as principais substâncias envolvidas nessa prática, porém ainda um conhecimento limitado para orientação de práticas sexuais seguras no contexto de uso de SP e insegurança para orientar redução de danos aos seus pacientes na prática clínica.