Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

ABORDAGEM INTEGRADA DO LINFOMA DE BURKITT EM PACIENTE COM HIV: RELATO DE CASO

  • CCCE Silva,
  • PB Maia,
  • MB Figueiredo,
  • GRP Bahia,
  • SP Fonseca,
  • LFD Couto,
  • JFF Lima,
  • LF Radicchi,
  • RGD Nascimento,
  • IAC Souza

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S220 – S221

Abstract

Read online

Introdução: O Linfoma de Burkitt é uma neoplasia hematológica altamente agressiva derivada de células B, marcada pela translocação do gene MYC no cromossomo 8. Suas formas incluem a endêmica, a esporádica e a associada à imunossupressão, como em pacientes com HIV. O linfoma de Burkitt tem uma prevalência 10 vezes maior em indivíduos HIV positivos do que na população geral, sendo uma condição definidora de AIDS. A patogênese envolve imunossupressão crônica, permitindo proliferação descontrolada das células B e reativação do EBV, que frequentemente é latente em pacientes com HIV. A apresentação clínica pode variar, incluindo linfadenopatia generalizada, febre, perda de peso e envolvimento extranodal. O diagnóstico requer avaliação clínica, radiológica e confirmação histopatológica através de biópsia e imunohistoquímica. O tratamento envolve quimioterapia intensiva, além da gestão eficaz do HIV para melhorar a resposta imunológica e reduzir complicações infecciosas. Relato do caso: Paciente masculino, 28 anos, sem comorbidades, apresentou nódulo de 1 cm em região infraclavicular direita, que, em 7 meses, evoluiu progressivamente para uma massa palpável, com cerca de 20 cm, sem sinais flogísticos, pétrea, imóvel e indolor. Paciente nega febre, sudorese noturna ou emagrecimento durante o período. Tomografia computadorizada (TC) de Tórax e Pescoço evidenciou conglomerado linfonodal infraclavicular à direita (13 × 7 cm) de aspecto suspeito para doença linfoproliferativa. Realizada biópsia percutânea da massa, cujo histopatológico identificou uma neoplasia maligna com imunorreatividade para os marcadores CD20, BCL6, CD10, cMYC e Ki-67 (> 95%) na imunohistoquímica, compatível com Linfoma não-Hodgkin de células B, tipo Burkitt. Concomitantemente, realizou investigação para HIV, com Teste de Antígenos e Anticorpos reagente para HIV-1 e HIV-2, e Imunoblot rápido reagente para HIV-1. Realizada a investigação de TB pelo LF-LAM com resultado não reagente, análise liquórica sem alterações, dosagem de Carga Viral em 161 mil cópias e Contagem de CD4 em 295 céls/mm3, sendo iniciada a Terapia Antirretroviral com Lamivudina, Tenofovir e Dolutegravir. A Biópsia de Medula Óssea não evidenciou infiltração por Linfoma. Iniciado quimioterapia com o protocolo CODOX/IVAC, que cursou com redução considerável da massa com cerca de 1 semana de tratamento, levando a significativa melhora clínica. Conclusão: Este caso discute uma doença rara, que representa 1-2% dos linfomas não-Hodgkin em adultos, e enfatiza a necessidade de uma abordagem integrada no manejo do Linfoma de Burkitt associado ao HIV. A detecção precoce e o tratamento quimioterápico são essenciais devido à natureza agressiva do linfoma. Deve-se destacar ainda a associação de anticorpos monoclonais, que aumenta as taxas de remissão, mas ainda tem acesso limitado no Sistema Único de Saúde. A ausência de infiltração medular e a resposta positiva ao tratamento destacam a eficácia do protocolo para linfomas de alta agressividade e a importância do controle eficaz da AIDS para melhorar a sobrevida. O manejo adequado da infecção por HIV, incluindo monitoramento da carga viral e contagem de CD4, juntamente com quimioterapia intensiva, é crucial para melhorar os desfechos clínicos e otimizar estratégias para pacientes com doenças malignas associadas ao HIV.