Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)
ID128 Efetividade e segurança de rituximabe no tratamento do linfoma não- hodgkin de células b, folicular
Abstract
Introdução Os linfomas são neoplasias hematológicas derivadas dos linfócitos, divididos em linfoma Hodgkin e linfoma não-Hodgkin (LNH). Estes abrangem um amplo espectro de tumores, sendo que o Linfoma Folicular (LF) representa em torno de 22% de todos os LNH. A associação do imunoterápico rituximabe (RTX) ao esquema de primeira linha, CHOP (ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina, prednisona) está recomendada em protocolos clínicos de diversos países, incluindo o Brasil, sendo disponibilizada pelo SUS. Neste contexto, o objetivo do estudo foi avaliar a efetividade, segurança, qualidade de vida e adesão ao uso do RTX em pacientes com LNH de células B, Folicular. Métodos Foi realizada uma revisão sistemática incluindo estudos observacionais prospectivos ou retrospectivos que avaliaram efetividade, segurança, qualidade de vida e adesão ao uso de RTX no tratamento de pacientes diagnosticados com LF. A estratégia PICO utilizada foi P (pacientes com LF); I (RTX); C (esquemas terapêuticos disponibilizados no SUS); O (Sobrevida global, sobrevida livre de progressão, taxa de remissão, eventos adversos graves, qualidade de vida e adesão) e S (estudos observacionais prospectivos ou retrospectivos). Foram realizadas buscas em todas as bases sugeridas pela diretriz para elaboração de pareceres técnico-científicos do Ministério da Saúde, The Cochrane Library, MEDLINE (via Pubmed), LILACS e Embase, nos idiomas português, inglês e espanhol, até 06 de fevereiro de 2023. Foram realizadas também buscas manuais, incluindo o repositório Capes. Foi utilizada a ferramenta ROBINS-I para avaliar o risco de viés dos estudos. A RS foi registrada no Próspero (CRD42022333009). Resultados Foram incluídos 18 artigos que avaliaram a efetividade e segurança do RTX para o tratamento de LNH de células B, Folicular. A metanálise dos desfechos de efetividade demonstrou a superioridade dos esquemas contendo RTX, quando comparados a esquemas terapêuticos sem o RTX, para tratamento de LF, sendo significativa a diferença entre os grupos. Entretanto, o risco de viés variou de moderado a sério. Foram observados problemas relacionados ao domínio de confundimento, considerando que a análise de sobrevida global envolveu pacientes em diferentes estágios da doença, com diferentes idades e com outras comorbidades. Apenas dois (11%) dos estudos incluídos avaliaram dados de segurança. O RTX mostrou-se um medicamento seguro, relacionado a eventos adversos de baixa gravidade. No curto prazo, os eventos adversos mais comuns foram redução na contagem de glóbulos brancos, baixa contagem de neutrófilos e náuseas. A longo prazo, a redução na contagem de glóbulos brancos foi o evento mais observado. Não foram encontrados artigos que avaliassem os desfechos qualidade vida e adesão. Discussão e conclusões Por meio deste estudo foi possível reavaliar uma tecnologia em saúde já incorporada no SUS. A RS com metanálise demonstrou a superioridade e segurança dos esquemas contendo RTX, quando comparados a esquemas terapêuticos sem o RTX, para tratamento de LF, corroborando o Protocolo Cínico adotado no Brasil. Não foram identificados estudos sobre adesão ao tratamento com RTX nem análises de qualidade de vida de pacientes em tratamento com o medicamento. A elucidação das lacunas de conhecimento, utilizando dados de mundo real, pode subsidiar a tomada de decisão tanto no âmbito clínico, quanto na formulação de políticas públicas de saúde, contribuindo para garantir a sustentabilidade do SUS.
Keywords