Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

PERFIL DE CÉLULAS B NA MEDULA ÓSSEA E SANGUE PERIFÉRICO DE PACIENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO APÓS TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOIÉTICAS

  • ES Barbosa,
  • RM Pontes,
  • L Sanoja-Flores,
  • J Flores-Montero,
  • AB Salgado,
  • N Puig,
  • RJP Magalhães,
  • MV Mateos,
  • JJMV Dongen,
  • A Maiolino,
  • ES Costa,
  • A Orfao

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S209 – S210

Abstract

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Objetivos: A recuperação das células B é uma das características dos pacientes com MM que alcançam o controle da doença em longo prazo. Recentemente, a cinética de reconstituição de células B na medula óssea (MO) de pacientes com MM durante o tratamento foi descrita, mas a recuperação de subtipos de células B no sangue periférico (SP) após a terapia ainda precisa ser detalhada. O objetivo deste estudo foi descrever os subtipos de células B no SP vs. MO de pacientes com MM no D+100 após o transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas (TACTH) e sua potencial relação com o status de doença residual mensurável (DRM). Materiais e métodos: Foram estudadas 152 amostras pareadas de MO e SP, 76 MM ativo – 54% homens; mediana de 61 anos (40-70) – coletadas no D+100 após o TACTH. Todos os pacientes receberam regimes de indução que combinavam uma droga imunomoduladora e/ou inibidor de proteassoma, seguida de altas doses de melfalano antes do TACTH. Doadores saudáveis (DS) pareados por idade – 70% homens – foram estudados como controles. As amostras foram processadas em até 24h após a coleta nos dois centros participantes (UFRJ, n = 88; USAL, n = 64), seguindo os procedimentos operacionais padrão Euroflow e marcadas com o painel NGF para DRM em MM. Subtipos de células B identificados: precursores B (BCP - CD19+CD45loCD38hiCD27−/+cyIg−), B transicionais/naive (CD19+CD45+CD38−/loCD27−cyIg+), B de memória (CD19+CD45+CD38−/loCD27+cyIg+) e plasmócitos normais (nPC - CD38hiCD138lo/hiCD45−/hetCD56−/+cyIg+CD19−/+). Resultados: Cinquenta pacientes (66%) tinham DRM+ no MO. Ainda, 7/50 (14%) tinham plasmócitos clonais circulantes no SP (cPCC+). Os pacientes foram estratificados de acordo com o status de DRM mais cPCC. Na MO, todos os pacientes tiveram um aumento percentual de BCP e redução de B de memória e nPC vs. DS. Os DRM+cPCC+ tiveram menor frequência de nPC CD19- na MO vs. MRD+ou-/cPCC-. No SP, B totais estavam em números normais, pela normalização de B transicionais/naive, mas as B de memória estavam reduzidas em todos pacientes vs. DS. Os nPC CD19+ no SP dos MRD+ou-/cPCC- estavam em número normal, mas reduzidos nos DRM+cPCC+. Não houve associação significativa entre sobrevida livre de progressão (SLP) e a contagem de células B totais e subtipos no SP. As recidivas ocorreram em 28/76 (37%) dos pacientes, a maioria (20/28) DRM+ (71%; 16 cPCC- e 4 cPCC+) e, 8/28 (29%) DRM-cPCC-. A taxa de mortalidade foi de 14% (11/76) em 19 meses de seguimento mediano, sendo 8/11 (72%) DRM+ (6 cPCC- e 2 cPCC+) e 3/11 (27%) DRM-cPCC-. Pacientes DRM+cPCC+ tiveram uma SLP significativamente menor, 9 meses vs. 28 meses para DRM+cPCC- e não alcançada nos pacientes DRM-cPCC-. O mesmo foi visto nos pacientes que atingiram pelo menos remissão completa – 9 meses DRM+cPCC+ vs. 28 meses DRM+cPCC- vs. 36 meses DRM-cPCC-. Discussão: A presença de cPCC no D+100 após o TACTH foi associada a uma pior recuperação das contagens de nPC no SP e a uma pior SLP. Tais achados parecem reforçar que a depuração de cPC após o TACTH aumentaria a disponibilidade de nichos na MO para nPC e potencialmente também para BCP, levando a uma recuperação da maturação normal de células B.