Revista Gestão & Saúde (Jun 2015)
Prevenção em saúde na prática médica:
Abstract
Na Grécia antiga, berço da civilização ocidental, a prática médica baseava-se na promoção de estilos de vida saudáveis, particularmente da “dietética”, e considerava-se que os estados patológicos resultavam do desequilíbrio entre as causas das doenças e das forças curativas da natureza. A partir de então, com os avanços no campo da microbiologia, a possibilidade de interferir no curso das doenças transmissíveis consolidaram ao longo dos anos a doença como principal óbice médico, não o doente. Foi somente entre 1920 e 1950, nos EUA e no Canadá, que surgiu a Medicina Preventiva como reação à Medicina Curativa. Propôs-se a transformação do ensino médico de modo que a prática deste profissional tivesse uma nova atitude nas relações com os órgãos de atenção à saúde. Foi o nascimento da epidemiologia dos fatores de risco, que usava a estatística para estabelecer relação de causalidade com as patologias. A medicina preventiva, uma vez objetivando melhorar - por vezes a qualquer custo - a saúde dos indivíduos, tem contribuído com a “epidemia de risco” (risk epidemic) e, consequentemente, com cascatas clínicas de cuidados excessivos em saúde, incluindo a exagerada medicalização e a aumentos da morbimortalidade das populações. Objetivos: revisão acerca dos conceitos de prevenção, da primária à quaternária, na literatura em saúde em língua portuguesa, suas motivações, definições, importância, abrangência e consequências. Métodos: revisão expositiva da produção bibliográfica em português acerca dos unitermos “conceito de prevenção em saúde”, “conceito de prevenção primária”, “conceito de prevenção secundária”, “conceito de prevenção terciária” e “conceito de prevenção quaternária” entre 1990 e 2013, na BIREME (Biblioteca Virtual da Saúde) estando nela compreendidas a LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Library online-Brasil) e no Google Acadêmico. Conclusão: O fundamento da proposta preventivista pretendeu que o atuar médico fosse imbuído de novas atitudes, de uma relação mais próxima às comunidades, aos serviços de saúde, à promoção e a proteção da saúde do indivíduo e de sua família. Nos países desenvolvidos (mas também, provavelmente, naqueles em desenvolvimento), haverá no século 21 as populações mais saudáveis e longevas da história da humanidade, entretanto insatisfeitas pela contradição entre a oferta de atividades sanitárias e as demandas por saúde. As intervenções sanitárias “quase febris” causarão elevada morbimortalidade, no entanto com benefícios sanitários mínimos.