Cadernos de Saúde Pública (Jan 2000)

Modelos dinâmicos e redes sociais: revisão e reflexões a respeito de sua contribuição para o entendimento da epidemia do HIV Dynamic models and social networks: a review and reflections on their contribution to understanding the HIV epidemic

  • Maria Tereza S. Barbosa,
  • Maria Rita L. Byington,
  • Cláudio J. Struchiner

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2000000700004
Journal volume & issue
Vol. 16
pp. S37 – S51

Abstract

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Há especificidades na epidemia do HIV que fazem com que sua transmissão fuja à aleatoriedade verificada na transmissão de outras doenças infecciosas. A observação da epidemia tem mostrado que os comportamentos individuais - padrões de relação que os indivíduos mantêm entre si - desempenham papel crucial na transmissão do HIV e que as estratégias de prevenção do crescimento da epidemia devem tomar em conta este fator para a alocação eficiente dos recursos existentes. Modelos matemáticos e estatísticos que utilizam a abordagem compartimental aplicada à epidemia estimavam as interações entre grupos cujas características e comportamentos variavam. Contudo, tais modelos eram mais "pós-ditivos" que preditivos, atribuindo-se isso à representação inadequada da estrutura social das populações pelas quais se disseminam os agentes infecciosos. Assim, passou-se a aplicar a metodologia de redes sociais à abordagem da epidemia do HIV. Este artigo discute alternativas à aplicação desta metodologia à epidemia brasileira, ponderando que as redes sociométricas de risco estruturam o fluxo de agentes infecciosos em comunidades, criando oportunidades ímpares a sua interrupção.Due to certain specificities in the HIV epidemic, its spread has escaped the random transmission pattern of other infectious diseases. Observation of the epidemic has shown that individual behavior - relational patterns among individuals - plays a crucial role in HIV transmission and that strategies to prevent the epidemic's spread should take this factor into account in order to foster efficient allocation of existing resources. Mathematical and statistical models applying the behavioral approach to the epidemic have estimated interactions between groups whose characteristics and behaviors varied. However, such models have been more "post-dictive" than predictive, due to the inadequate representation of social structures in populations through which infectious agents spread. The social network methodology thus came to be applied to the approach to the HIV epidemic. This article discusses alternatives for the application of this methodology to the Brazilian epidemic, considering that sociometric risk networks structure the flow of infectious agents in communities, creating unique opportunities to interrupt their spread.

Keywords