Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (Jan 2002)
Transplante de medula óssea nas síndromes mielodisplásicas Bone marrow transplantation in myelodisplastic syndromes
Abstract
Cerca de 40% dos pacientes portadores de síndromes mielodisplásicas podem ser curados com o transplante alogênico de medula óssea. Os resultados mais favoráveis podem ser observados em pacientes portadores de anemia refratária que apresentam uma sobrevida livre de recidivas de até 65% em 5 anos. As principais restrições à aplicação desta estratégia à maioria dos pacientes consistem na idade avançada ao diagnóstico e na disponibilidade de um doador compatível. O risco elevado de recidivas em pacientes com número crescente de blastos e alterações citogenéticas de alto risco principalmente identificadas nas mielodisplasias secundárias limitam ainda mais a sua utilização. Embora alguns pacientes possam ser beneficiados com a utilização de quimioterapia citoredutora pré-transplante, esta ainda não foi capaz de demonstrar um benefício claro para a maioria dos pacientes. Nenhum regime preparatório mostrou-se superior, porém a utilização crescente de regimes não mieloablativos favorece o tratamento de um maior número de indivíduos com idade superior a 60 anos. Estudos preliminares também indicam que determinados pacientes podem ser beneficiados com o transplante autogênico e estes resultados devem ser comparados com aqueles utilizando doadores não consangüíneos. Estudos recentes demonstram ainda resultados mais favoráveis com a utilização de precursores hematopoéticos de sangue periférico em pacientes com elevado risco de recidivas. A melhor definição de fatores prognósticos permitirá a seleção ideal de pacientes e o momento mais adequado para a realização do procedimento.Around 40% of patients suffering from myelodisplastic syndromes can be cured by allogeneic bone marrow transplantations. The most favorable results are observed in patients with refractory anemia who present an event free survival of up to 65% at 5 years. The main restrictions in the application of this strategy for the majority of the patients are the advanced age of diagnosis and the availability of a compatible donor. The higher risk of relapse in patients with an increased rate of blasts and high-risk cytogenetic alterations mainly identified in secondary myelodisplastias further limit its use. Although some patients can be benefited by the utilization of pre-transplantation cytoreductive chemotherapy, there is still insufficient proof of a clear benefit for the majority of patients. Not one preparatory regime has shown to be superior, however the increased use of non-myeloablative regimes favor the treatment of a greater number of over 60-year-old patients. Preliminary studies also indicated that specific patients can be benefited by a autogenic transplantation and these results should be compared with those from unrelated donors. Recent studies also demonstrated more favorable results with the utilization of hematopoietic stem cells from peripheral blood in patients high risk of relapse. Better definition of prognostic factors will allow an ideal selection of patients and the optimal time for the procedure.
Keywords