MODELO DE IMPACTO EM SAÚDE PÚBLICA DA INTRODUÇÃO DE UMA VACINA HÉRPES-ZOSTER RECOMBINANTE NO BRASIL

Abstract

Introdução: O herpes-zoster (HZ) manifesta-se normalmente em idosos ou indivíduos imunocomprometidos a partir da reativação do vírus varicela zoster latente. Sem vacinação, até 30% das pessoas estão sob o risco de desenvolver HZ durante a vida, com aumento significativo do risco após os 50 anos de idade. Após a fase aguda da doença, caracterizada por manifestações cutâneas dolorosas, no Brasil, 22,1% dos pacientes desenvolvem dor neuropática crônica devido a neuralgia pós-herpética (NPH). Outras complicações (oftálmicas, neurológicas e outras) podem ocorrer e gerar danos de longo prazo. Em 2017, a vacina recombinante contra o herpes-zoster (VZR) foi recomendada como preferencial nos EUA e então aprovada em outros países, incluindo o Brasil em 2021. Objetivo: Analisar o potencial impacto em saúde pública da introdução da VZR na população brasileira com 50 anos ou mais comparada com a não vacinação. Método: A análise econômica de Zoster, um modelo estático de Markov por simulação de coortes, com horizonte temporal lifetime e duração anual dos ciclos foi adaptado para o cenário brasileiro. O tamanho da população e a mortalidade por todas as causas (2019) foram obtidos do website do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A incidência de HZ foi obtida a partir de uma meta-regressão global; as proporções de NPH e de outras complicações, o número de consultas médicas e as hospitalizações foram obtidas de estudos brasileiros e a eficácia da vacina dos ensaios clínicos de fase III (ZOE-50 e ZOE-70). Assumiu-se que cobertura da VZR seria de 35% com uma adesão de 80% à segunda dose. Resultados: No caso base, a vacinação de 35% da população de 50 anos ou mais com VZR poderia evitar 2.383.489 casos de HZ; 592.311 casos de NPH; 714.154 de outras complicações ao longo da vida da população. Na perspectiva do uso de recursos de saúde, 5.489.176 consultas médicas e 1.230.357 hospitalizações poderiam ser evitadas. A faixa etária na qual houve a maior redução no número de casos de HZ, suas complicações e uso de recursos relacionados foi de 50 a 59 anos. Nove e 34 indivíduos precisariam ser vacinados para prevenir um caso de HZ e um caso de NPH, respectivamente. Na análise de sensibilidade univariada, os três parâmetros mais influentes foram a cobertura vacinal, incidência anual de HZ e adesão à segunda dose da VZR. Conclusão: A vacinação com VZR demonstra potencial de redução substancial do impacto em saúde pública causado pela HZ em indivíduos com 50 anos ou mais no Brasil.Ag. Financiadora: Glaxosmithkline Biologicals AS.