Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

HANSENÍASE: PERFIL DE UMA DÉCADA DE INTERNAÇÕES NO BRASIL

  • Ramon Reis Silva,
  • Fernanda Prohmann Villas Boas,
  • Carlito Lopes Nascimento Sobrinho

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103629

Abstract

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Introdução/objetivo: A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa com capacidade de causar danos irreversíveis, tanto biológicos, como sociais, sendo de notificação compulsória no Brasil. O objetivo desse estudo foi caracterizar os indivíduos internados, as internações e a Taxa de Mortalidade por mil habitantes (TM) por Hanseníase no Sistema Único de Saúde (SUS), entre os anos de 2013 e 2022, no Brasil. Métodos: Estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, cuja fonte de dados foi o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) do Ministério da Saúde, disponíveis na plataforma DATASUS. Resultados: Houve um total de 40.906 internações por Hanseníase no Brasil, no período analisado, com frequência maior entre os indivíduos do sexo masculino (65,6%), na faixa etária de 40 a 59 anos (36,9%), idade média de 46,76 ± 19,01 anos, na raça parda (37,8%), seguida da branca (28,7%). A TM geral foi de 1,66, sendo maior na etnia amarela (TM de 2,08) e no sexo feminino (TM de 1,8). Do total de internações, 33,6% ocorreram no Nordeste (TM de 2,17), 22,3% no Sul (TM de 1,65), 18,4% no Sudeste (TM de 1,67), 13,7% no Norte (TM de 0,95) e 11,9% no Centro-Oeste (TM de 1,09). Os estados com mais internações foram Paraná (5.404 internações, TM de 1,44), Maranhão (4.775 internações, TM de 2,39) e Pernambuco (3.562 internações, TM de 0,98), juntos totalizam 33,6% de todas as internações nacionais. Já os estados com menor número de internações foram Amapá (36 internações, TM de 5,56), Sergipe (69 internações, TM de 5,8) e Roraima (115 internações, TM de 0,87). Os estados com as maiores taxas de mortalidade foram Sergipe, Amapá e Paraíba (TM de 3,52). Já o Distrito Federal (TM de 0,34) e os estados Rondônia (TM de 0,34) e Goiás (TM de 0,81) tiveram as menores taxas de mortalidade. Conclusão: Houve maior frequência de internações em indivíduos do sexo masculino, pardos/brancos e entre a 4ª-5ª décadas de vida. Apesar disso, a taxa de mortalidade por mil habitantes foi maior entre indivíduos do sexo feminino e na etnia amarela. Entre as regiões, o Nordeste apresentou o maior número de internações, assim como a maior TM. Ademais, observou-se que os dois estados com menos internações foram os que apresentaram as maiores taxas de mortalidade.

Keywords