BMC Pregnancy and Childbirth (Dec 2020)

Baixo peso ao nascer, prematuridade e restrição de crescimento intra-uterino: resultados dos dados de base da primeira coorte de nascimentos indígenas no Brasil (coorte de nascimentos Guarani)

  • Carla Tatiana Garcia Barreto,
  • Felipe Guimarães Tavares,
  • Mariza Theme-Filha,
  • Yasmin Nascimento Farias,
  • Lídia de Nazaré Pantoja,
  • Andrey Moreira Cardoso

DOI
https://doi.org/10.1186/s12884-020-03396-8
Journal volume & issue
Vol. 20, no. 1
pp. 1 – 19

Abstract

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Abstrato fundo O baixo peso ao nascer (BPN) continua sendo um importante problema de saúde global, associado a uma série de resultados adversos de saúde ao longo da vida. As evidências sugerem que o BPN é um determinante relevante de morbidade e mortalidade em grupos indígenas, que geralmente têm acesso limitado às políticas públicas de saúde e nutrição. O conhecimento da prevalência de BPN e de suas causas subjacentes pode contribuir com etapas essenciais para a prevenção de seus efeitos sobre a saúde. O estudo teve como objetivo estimar as prevalências de BPN, prematuridade e restrição de crescimento intra-uterino (RCIU) e investigar seus determinantes na primeira coorte de nascimentos indígenas no Brasil. Métodos Este estudo transversal utilizou dados de linha de base coletados da primeira coorte de nascimentos indígenas no Brasil, a Coorte de Nascimentos Guarani. O Brasil é um dos países com maior diversidade étnica do mundo, com 305 povos indígenas e 274 línguas nativas. Os Guarani são uma das cinco maiores etnias, com aldeias localizadas principalmente na região sul. Todos os nascimentos únicos de 1º de junho de 2014 a 31 de maio de 2016 foram selecionados em 63 aldeias indígenas Guarani nas regiões Sul e Sudeste. Foi realizada regressão logística múltipla hierárquica. Resultados As taxas de prevalência de BPN, prematuridade e RCIU foram 15,5, 15,6 e 5,7%, respectivamente. As chances de BPN foram menores em recém-nascidos de mães que vivem em casas de tijolo e argamassa (OR: 0,25; IC 95%: 0,07-0,84) e foram maiores em filhos de mães ≤20 anos de idade (OR: 2,4; IC 95%: 1,29-4,44) e com anemia crônica antes da gravidez (OR: 6,41; IC 95%: 1,70-24,16). A prematuridade foi estatisticamente associada ao tipo de fonte de energia para cozinhar (fogão a lenha - OR: 3,87; IC 95%: 1,71–8,78 e fogueiras - OR: 2,57; IC 95%: 1,31–5,01). RCIU foi associado à primiparidade (OR: 4,66; IC 95%: 1,68–12,95) e anemia materna crônica antes da gravidez (OR: 7,21; IC 95%: 1,29–40,38). Conclusões Idade materna, estado nutricional e paridade, condições de moradia e exposição à poluição interna foram associados com resultados perinatais na população indígena Guarani. Esses resultados indicam a necessidade de investir no acesso e melhoria da assistência pré-natal; também no fortalecimento do Subsistema de Saúde Indígena, e em ações intersetoriais para o desenvolvimento de políticas habitacionais e de saneamento e melhorias ambientais ajustadas às necessidades e conhecimentos dos povos indígenas.

Keywords