Revista de Filosofia Antiga (Oct 2023)
O ponto de intersecção entre compostos naturais propriamente e não propriamente substanciais em Aristóteles
Abstract
Ao longo da Metafísica e dos tratados de filosofia natural, Aristóteles toma os organismos vivos como os exemplos paradigmáticos de οὐσίαι (substâncias) naturais. No entanto, além dos organismos vivos, em certas passagens o filósofo menciona, também, as partes dos viventes e os elementos como exemplos de substâncias. Contudo, em outras passagens, Aristóteles parece considerar que as partes dos seres vivos e os corpos elementares não representariam, genuinamente ou propriamente, entidades substanciais. Por outro lado, em nenhum momento, o filósofo parece indicar expressamente os corpos homogêneos inanimados (metais e minerais), tratados no livro IV dos Meteorológicos, enquanto tipos de seres substanciais. Neste artigo, pretendo, então, examinar se as partes do vivente e os elementos poderiam, de fato, contar ou não como exemplares genuínos de substâncias naturais; e em que medida os corpos homogêneos inanimados, a despeito de não serem explicitamente citados na condição de entes substanciais, poderiam, a partir do exame de suas naturezas composicionais, sustentarem, de uma maneira estrita, o título de οὐσίαι naturais.