Arquivos de Gastroenterologia (Dec 2006)
Aspectos funcionais, microbiológicos e morfológicos intestinais em crianças infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana Functional, microbiological and morphological intestinal findings among human immunodeficiency virus infected children
Abstract
RACIONAL: O trato gastrointestinal é freqüentemente acometido nas crianças infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana, com importantes repercussões no seu estado nutricional e sobrevida. A maioria dos estudos relacionados a esse tema foi desenvolvida com adultos, sendo menos investigado o problema nas crianças OBJETIVOS: Estudar aspectos digestivo-absortivos, microbiológicos e morfológicos intestinais em crianças infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana MATERIAL E MÉTODOS: Onze crianças infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana, menores de 13 anos, pertencentes às categorias clínicas A, B ou C, divididas em dois grupos: cinco pacientes com relato atual ou recente de diarréia e seis pacientes sem diarréia nos 30 dias que antecederam à inclusão no estudo. Investigação proposta: biopsia de intestino delgado e reto para análise morfológica e microbiológica, coprocultura, protoparasitológico de fezes, pesquisa de rotavírus, micobactérias e Cryptosporidium; teste da D-xilose RESULTADOS: Todos os pacientes testados (9/11) apresentavam má absorção da D-xilose (8,4-24,4 mg/dL). Os achados histopatológicos de intestino delgado foram inespecíficos, representados em sua maioria, por enteropatia grau I a II (6/10). Em todos os casos foi constatado aumento do infiltrado celular do córion. As alterações histopatológicas do reto também foram inespecíficas, com presença de aumento do infiltrado celular do córion. A pesquisa de microorganismos enteropatogênicos só foi positiva em dois casos, sendo identificado Mycobacterium avium intracellulare e Cryptosporidium nas fezes CONCLUSÕES: Demonstrou-se alta prevalência (100%) de má absorção intestinal em crianças infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana, com ou sem diarréia. Não foi possível estabelecer correlações quanto à presença de agentes enteropatogênicos, má absorção intestinal, alterações morfológicas intestinais e ocorrência ou não de diarréia. Não houve correlação entre os valores de D-xilose e os graus de atrofia vilositária.BACKGROUD: Gastrointestinal tract disorders are frequent among human immunodeficiency virus infected children, with important repercussions on nutrition and survival. Most studies related to this subject were restricted to adults, being less investigated the problem in the children. AIMS: To study intestinal digestion, absorption, microbiological and morphological findings among human immunodeficiency virus infected children. MATERIAL AND METHODS: Eleven human immunodeficiency virus infected children under 13 years old, belonging to clinical categories A, B or C, separated in two groups: five patients with current or recent episode of diarrhea and six patients without diarrhea in the last 30 days preceding entering in study. Investigation proposed: microbiological and morphological analysis of small intestine and rectum biopsy; stool exams for bacterium, parasite, rotavirus, Mycobacterium species and Cryptosporidium; D-xylose test RESULTS: All tested subjects (9/11) had low D-xylose absorption (8,4 _ 24,4 mg d/L). Small intestinal mucosa histology findings were nonspecific, represented, in majority, of grade I/II enteropathy (6/10). Increased cellular infiltration of the chorion was observed in all specimens. Rectum histology alterations were also nonspecific, with chorion increased cellular infiltration. Mycobacterim avium intracellulare and Cryptosporidium were the solely microorganisms founded, both in stool CONCLUSIONS: Our study demonstrated high prevalence (100%) of intestinal malabsorption among human immunodeficiency virus infected children, despite the occurrence or not of diarrhea. It was not possible to establish relationships between the presence of microorganisms, intestinal malabsorption, intestinal morphologic findings and the occurrence or not of diarrhea. There was no correlation between D-xylose and intensity of villous atrophy.
Keywords