Orfeu (Nov 2023)

“Odeio coletivos e vou de carro que comprei à prestação”: humor e crítica social em “Classe média”, de Max Gonzaga

  • Roberta Carvalho Pereira Campos,
  • Adelcio Camilo Machado

DOI
https://doi.org/10.5965/2525530408022023e0109
Journal volume & issue
Vol. 8, no. 2

Abstract

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O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que tomou como objeto a canção “Classe média”, de Max Gonzaga. Composta e lançada em 2005, a canção não só obteve repercussões à época de seu lançamento, mas também em períodos posteriores, o que gerou o interesse em estudá-la de modo mais detido. Para isso, foi realizada uma análise documental de sua gravação tendo como principal referencial a semiótica da canção para desvelar as relações que se estabelecem entre letra e música para a produção de seus sentidos. As análises mostram que a canção constrói, através da chave do humor, uma crítica ao alinhamento de setores inter­mediários da sociedade brasileira à ideologia das elites, revelando ainda a importância da me­lodia, da harmonia e das escolhas interpretativas para o estabelecimento de seu caráter irônico e caricatural. Adicionalmente, foi possível perceber que a canção possui ainda uma segunda voz poética, que se inscreve no cantar do próprio enunciador e traz uma dimensão autorrefle­xiva, em tom mais lamentoso. Diante disso, entendeu-se que a presença dessas duas vozes poé­ticas se constituiria como uma forma de exprimir um certo pensamento cindido que se faria presente em indivíduos de classe média.

Keywords