Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

FARMACOEPIDEMIOLOGIA DE ANTIMICROBIANOS SISTÊMICOS DISPENSADOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA

  • Julia Laurindo Giacomini,
  • Érika Alessandra Pellison Nunes da Costa,
  • Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101752

Abstract

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Introdução/Objetivo: A pressão populacional do uso de antimicrobianos em comunidade é considerada um determinante para a emergência e disseminação de resistência em bactérias. Nesse sentido, a mensuração de indicadores farmacoepidemiológicos do uso de antimicrobianos em atenção primária é um ponto de partida para políticas voltadas ao uso racional desses agentes. Nosso estudo teve o objetivo de quantificar a dispensação de antimicrobianos sistêmicos em um município de médio porte no interior do Estado de São Paulo. Métodos: Um estudo descritivo ecológico foi conduzido no município de Botucatu (149.000 habitantes), no qual estima-se que a atenção primária atinge 60% da população. Foi registrada a dispensação de antimicrobianos em 18 Unidades Básicas de Saúde (UBS) durante seis meses (abril a setembro de 2019). Quantidades foram expressas utilizando os indicadores farmacoepidemiológicos “Anatomical Therapeutic Chemical classification system / Defined Daily Dose (ATC/DDD)”, em doses diárias definidas (DDD) por 100.000 usuários da atenção primária. Resultados: No período do estudo, 39.436 pessoas (45,3% dos usuários) tiveram algum antimicrobiano sistêmico prescrito em UBS. Os antimicrobianos mais dispensados foram Amoxicilina (436,5 DDD/100.000 usuários) e Norfloxacina (181,7). Outros agentes foram prescritos em menor escala: Penicilina Benzatina (17,2 DDD/100.000 usuários), Cotrimoxazol (14,3), Cefalexina (9,4), Doxiciclina (0,9), Ciprofloxacino (0,5), Ampicilina (0,1) e Clindamicina (0,01). A mediana de idade dos pacientes medicados foi de 32 anos (quartis, 17 e 49) e não variou de forma significante para os diferentes fármacos prescritos. Conclusão: Dois medicamentos (Amoxicilina e Norfloxacina) corresponderam a 93% dos antimicrobianos prescritos em UBS. O uso extensivo de Norfloxacina é preocupante, não somente devido à indução de resistência em uropatógenos, mas também em relação aos recentes alertas sobre risco de emprego de quinolonas.