Revista de Estudos da Linguagem (May 2015)

Expressividade e Frequência de uso: aspectos pragmáticos e cognitivos da gramaticalização

  • Lorenzo Teixeira Vitral

DOI
https://doi.org/10.17851/2237-2083.23.1.91-125
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 1
pp. 91 – 125

Abstract

Read online

O artigo busca explicitar a intuição de Meillet (1912) de que os fenômenos de gramaticalização resultam da tensão entre a expressividadee a frequência de uso das formas da língua. Tratando a expressividade por meio da noção de subjetificação (TRAUGOTT; DASHER, 2005;LANGACKER, 2006), formulamos as seguintes questões: (1) o que quer dizer mais conteúdos e por que (e de que maneira) mais formas implicam mais conteúdos?; (2) o que quer dizer menos conteúdos e como se explica sua relação com a redução de formas? Por meio de princípios da pragmática neo-griceana e da análise da dupla negação em português,procuramos explicar como os falantes extraem conteúdos que se associamà sua subjetividade, o que estaria no cerne do fenômeno de inovação linguística. Após discussão sobre a noção de abstração e sua relação coma subjetividade, propomos que a perda de expressividade das formas se deve a seu espraiamento no sistema da língua e entre os falantes. This article seeks to clarify Meillet’s supposition (1912) that the phenomena of grammaticalization result from tension between the expressiveness and the frequency of use of language forms. Treating through the notion of subjectification (TRAUGOTT;DASHER, 2005; LANGACKER, 2006), we formulated the following questions: (1) What does more content mean? And why (and how) do most forms imply more content; (2) what does less content mean? And how does it explain its relation to the reduction of forms? Through the principles of Neo-Gricean pragmatism and the analysis of double negation in Portuguese, we seek to explain how speakers extract content that are associated with the subjectivity of speakers, which would be at the heart of the phenomenon of linguistic innovation. After discussing the notion of abstraction and its relation to subjectivity, we propose that the loss of expressiveness of forms is caused by its expansion in the language system and among speakers.

Keywords