Cadernos de Saúde Pública (Oct 1999)
Fatores de risco para hospitalização de crianças de um a quatro anos em São Luís, Maranhão, Brasil Risk factors for hospitalization of children aged one to four years in São Luís, Maranhão, Brazil
Abstract
Os fatores de risco para hospitalização infantil foram estudados por inquérito domiciliar transversal, em amostra aleatória por conglomerados em múltiplos estágios de 596 crianças de um a quatro anos de idade, em São Luís, Maranhão, Brasil, em 1994. A taxa de hospitalização foi de 24,4%, sendo as maiores por pneumonia (7,3%) e diarréia (7,1%). A maioria das internações foi custeada pelo SUS (78,1%) e apenas 18,2% pelo seguro-saúde. Após o ajuste para fatores de confusão pela regressão de Cox modificada para estudos transversais, crianças de famílias de renda familiar de até um salário mínimo e as que possuíam seguro-saúde tiveram maior risco de serem hospitalizadas em relação às demais. A maioria das hospitalizações em São Luís ocorreu por causas evitáveis ou sensíveis à atenção ambulatorial. O padrão de hospitalização em U levanta questões acerca da baixa qualidade da atenção ambulatorial para os segmentos mais pobres da população e indica, provavelmente, a ocorrência de internações desnecessárias e iatrogênicas entre os usuários de seguro-saúde.Risk factors for pediatric hospitalization were studied using a cross-sectional multi-stage cluster sample survey. A standardized questionnaire was answered by children's mothers or other care providers. In the municipality of São Luís, Maranhão, Brazil, 596 children aged 1 to 4 years were sampled in 50 census tracts. Design effect was calculated for each estimate. Hospitalization rate was 24.4%. Main causes of hospitalization were pneumonia (7.3%) and diarrhea (7.1%). The Unified National Health System (SUS) and private insurance accounted for 78.1% and 18.2% of hospital admissions, respectively. After adjustment for confounding by Cox proportional hazards model modified for cross-sectional design, children whose families earned less than one minimum monthly wage and those with private insurance were at higher risk of hospitalization. Hospitalization due to outpatient-sensitive diseases accounted for most cases. The U-shaped hospitalization pattern suggests low quality of outpatient services among the poor and may be a proxy indicator for unnecessary and iatrogenic hospitalization among privately insured children.
Keywords