Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

ANÁLISE DA MORBIMORTALIDADE POR LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL

  • Vinicius Nascimento dos Santos

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103500

Abstract

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Introdução: A Leishmaniose Visceral (LV) é uma zoonose de evolução crônica, causada pelo protozoário Leishmania chagasi, de transmissão vetorial, com acometimento sistêmico e alta morbimortalidade. Objetivo: Evidenciar o cenário epidemiológico dos casos de LV no Brasil. Métodos: Estudo epidemiológico, descritivo, baseado em dados de casos confirmados de LV no Brasil, obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), de 2013 a 2022. Resultados: No período, foram notificados 31.585 casos de LV no Brasil. O Nordeste, Sudeste e o Norte foram responsáveis, respectivamente, por 56,6%, 18,5% e 16,9% dos casos de LV no país. Já os estados com mais casos foram Maranhão (15,8%), Minas Gerais (12,9%), Ceará (11,9%), Pará (9,8%) e Bahia (8,8%). Destes, 91,8% foram casos novos, sendo os demais, por exemplo, recidiva. Sobre o perfil dos indivíduos, 66,3% eram do sexo masculino, 85,3% pardos/pretos, 21,9% tinham de 1 a 4 anos, 43,9% de 20 a 59 anos e 63,2% tinham menos de 8 anos de estudo. Entre as mulheres com idade fértil, 2,7% estavam grávidas. A coinfecção LV-HIV foi identificada em 14,1% dos casos. Em 86,3% dos casos foi utilizado o critério laboratorial, imunológico e/ou parasitológico, para confirmação dos casos. O diagnóstico parasitológico foi realizado em 39,6% dos casos, destes, 79,6% foram positivas para a visualização das formas amastigotas do parasita. Quanto ao desfecho dos casos de LV, 86,0% evoluíram com cura e 9,6% com óbito. Por fim, no período, forma registrados 21.322 internamentos por LV. A média de permanência na unidade hospitalar e a taxa de mortalidade foram, nessa ordem, 13,2 dias e 4,3 (por 100.000 habitantes). Entre 2013 e 2022, os custos com as hospitalizações totalizaram R$ 12.488.301,58. Conclusão: Encontrou-se um número expressivo de internamentos por LV no Brasil, principalmente no Nordeste. Por se tratar de casos novos, em sua maioria, tal fato se traduz como falha na quebra da cadeia transmissão da LV. Destaca-se a predominância do sexo masculino, pardos/pretos e relevante prevalência de coinfecção LV-HIV, bem como o alto custo com as hospitalizações. Diante desse cenário, é fundamental a implementação das políticas públicas de combate à LV, de modo a potencializar as ações de prevenção individual, controle ambiental e do vetor, bem como o diagnóstico precoce e tratamento adequado, visando reduzir a morbimortalidade.

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