Revista Portuguesa de Cardiologia (Jul 2017)
Prevalência da fibrilhação auricular paroxística numa população avaliada por monitorização contínua de 24 horas
Abstract
Resumo: Introdução: A fibrilhação auricular (FA) é a arritmia sustentada mais frequente na prática clínica, constituindo uma importante causa de morbilidade pelo risco associado de acidente vascular cerebral (AVC). Devido ao seu caráter muitas vezes paroxístico encontra‐se, contudo, subdiagnosticada e subtratada. Objetivos: Estudo prospetivo que tem como objetivo principal o cálculo da prevalência da FA paroxística em doentes com 40 ou mais anos de idade, numa população submetida a monitorização eletrocardiográfica contínua de 24 horas. Como objetivos secundários: o cálculo da prevalência total de FA e flutter auricular (FLA), independentemente do tipo, e a comparação entre as populações com FA versus população total e FA paroxística versus FA persistente nas 24 horas. Resultados: Este estudo analisou um total de 4843 doentes consecutivos, 58% dos quais do sexo feminino. Vinte seis vírgula dois por cento dos doentes encontrava‐se na faixa etária dos 70‐79 anos (n = 1269), 25,9% (n‐1252) entre os 60‐69 anos e 19,0% (n‐923) entre os 50‐59 anos; os restantes doentes ou tinham idades superiores a 80 anos (n = 712, 14,7%), ou inferiores a 50 (n = 686, 14,2%). Entre os doentes referenciados e analisados, registaram‐se 123 com registo de pelo menos um período de FA paroxística, o que equivale a uma prevalência de 2,5% (IC a 95%, 2,1‐3,0). A prevalência de doentes com FA durante todo o registo foi de 9,4% (IC a 95%, 8,6‐10,2) (n = 454). Registaram‐se ainda 39 casos de doentes com flutter típico, mas em 23 quer mantido quer paroxístico aparecia isolado, o que corresponde a uma prevalência de 0,8% (IC a 95%, 0,6 a 1,1). Tal indica que a prevalência de doentes com FA/FL total é de 12,4%. A presença de alguma forma de FA/FLA correlacionou‐se significativamente com sexo masculino (p 80 anos) (p 80 anos (p 80 years (n=712, 14.7%) or 80 age‐groups) (p80 age‐groups) (p<0.001), higher prevalence of history of stroke (p=0.024), and lower levels of hypertension (p<0.001). Only 12.8% of patients with PAF were taking anticoagulant drugs. Conclusions: The prevalence of PAF found in a population referred for continuous 24‐hour electrocardiographic monitoring for diverse reasons was 2.5% and the overall AF/AFL prevalence was 12.4%. PAF was more prevalent in younger patients. Patients with PAF showed a significantly lower prevalence of hypertension and significantly higher rates of stroke. Systematically detecting patients with PAF is a major public health concern, since early diagnosis is essential to identify candidates for oral anticoagulation and catheter ablation, which is frequently curative when applied at this stage. Palavras‐chave: Fibrilhação auricular paroxística, Monitorização eletrocardiográfica, Fatores de risco, Keywords: Paroxysmal atrial fibrillation, Electrocardiographic monitoring, Risk factors