Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ESCORES DE EXPRESSÃO GÊNICA: UMA PROMISSORA ESTRATÉGIA PARA A ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO EM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA EM CENTROS COM RECURSOS LIMITADOS

  • MES Santos,
  • ML Arrojo,
  • GM Berbel,
  • JPZ Murarolli,
  • LLF Pontes,
  • RA Panepucci

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S272 – S273

Abstract

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Introdução: A escolha da melhor conduta terapêutica para os pacientes com Leucemia Mieloide Aguda (LMA) depende de uma estratificação de risco precisa, a qual exige uma extensa caracterização citogenética e molecular. No entanto, a complexidade e os altos custos dos métodos utilizados impedem sua ampla adoção. Escores baseados na avaliação da expressão gênica têm mostrado um enorme potencial para a estratificação de risco, mas muitos deles também se baseiam em técnicas de alto custo. Nesse contexto, dada a popularização dos equipamentos de PCR quantitativo (qPCR), a identificação de um escore de risco baseado em um número pequeno de genes poderia permitir o estabelecimento de um teste de qPCR simples e de custo reduzido para auxiliar o manejo clínico dos pacientes nos centros sem acesso às abordagens usuais. Metodologia: Trata-se de uma revisão da literatura em busca de escores de expressão baseados em poucos genes e com valor clínico validado. Resultados: Dentre todos os escores identificados, destacam-se aqueles que refletem a biologia e o prognóstico dos pacientes com LMA. Em especial, o escore LSC17, composto pelos genes DNMT3B, NYNRIN, LAPTM4B, MMRN1, DPYSL3, KIAA0125, SOCS2, EMP1, NGFRAP1, CD34, GPR56, CDK6, CPXM1, AKR1C3, SMIM24, ARHGAP22 e ZBTB46, derivados para refletir a sobrevida global (SG), foi validado extensamente em grandes coortes. O escore LSC6-IR, derivado do anterior para predizer a resistência à quimioterapia de indução padrão da LMA, também se mostrou relevante. Discussão: Como única variável contínua, o escore LSC17 previu melhor a resistência à quimioterapia de indução do que o risco citogenético (AUROC=0,78, versus 0,70). Em uma análise multivariada (considerando idade, contagem de leucócitos, risco citogenético e LMA de novo versus secundária), a inclusão do escore LSC17 melhorou significantemente a capacidade preditiva (AUROC=0,82 versus 0,73). O escore LSC6-IR teve uma predição ainda melhor (AUROC=0,81) (Ng et al. 2016). Em outro estudo, o escore LSC17 foi capaz de separar a população total de pacientes quanto à SG e manteve-se preditivo nos subgrupos sem fusões identificadas, ou com fusões envolvendo KMT2A, embora não tenha mantido sua capacidade preditiva dentro dos outros grupos de risco estabelecidos com base em marcadores citogenéticos e moleculares. No entanto, diferentes grupos de risco citogenéticos e moleculares foram associadas a diferentes faixas de escores, evidenciando a relação direta entre eventos oncogênicos de pior prognóstico e escores mais altos, e em linha com o enriquecimento de Células-Tronco Leucêmicas (Huang et al. 2022). Conclusões: Os escores identificados melhoram a estratificação de risco de grupos com perfis citogenéticos e moleculares de baixo risco e de LMA Não especificada de outra forma (LMA NOS), nos quais não são identificadas aberrações moleculares ou citogenéticas definidoras. Importantemente, quando desconsideradas as informações citogenéticas e moleculares, os escores são capazes de estratificar a população de pacientes em diferentes grupos de risco. Portanto, no contexto de centros sem acesso às abordagens usuais de estratificação, o estabelecimento de qPCR para avaliação da expressão dos genes que compõem estes escores poderia fornecer uma importante ferramenta na tomada de decisões relativas ao manejo clínico dos pacientes.