Revista Brasileira de Cartografia (Apr 2017)

ANÁLISE DA VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E DO USO DO SOLO URBANO DA ÁREA INSULAR DE SANTOS - SP

  • Maria Isabel Castreghini Freitas,
  • Katia Cristina Bortoletto,
  • Lucimari Aparecida Franco Garcia Rossetti,
  • Adriana Castreghini Freitas,
  • Rodrigo Buchianeri Numa Oliveira

Journal volume & issue
Vol. 69, no. 4

Abstract

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A análise da vulnerabilidade socioambiental é tema fundamental na atualidade, momento em que os gestores públicos e a comunidade global se deparam com o crescimento dos eventos extremos associados aos fenômenos climáticos e ambientais, produzindo danos humanos e materiais principalmente nas aglomerações urbanas. O objetivo desse artigo é apresentar os resultados alcançados no estudo da vulnerabilidade socioambiental da Área Insular de Santos SP - Brasil, integrados com o mapeamento de vegetação e uso do solo urbano. Com vistas a aferir a metodologia desenvolvida para a seleção das principais variáveis e a representação espacial dos setores e dos bairros mais vulneráveis da cidade, foi realizado um mapeamento das ocorrências de deslizamentos e quedas de blocos. O município de Santos sofre fortes impactos decorrentes da alta concentração urbana e da ocupação de áreas com riscos associados aos movimentos de massa nas encostas originalmente cobertas com Mata Atlântica e hoje ocupadas com edificações, muitas vezes precárias. Na primeira etapa do estudo foram realizados levantamentos censitários, seguidos de seleção de variáveis representativas de aspectos socioeconômicos e ambientais da Criticidade e da Capacidade de Suporte, que são componentes da Vulnerabilidade Socioambiental. Aplicou-se a Análise de Componentes Principais (ACP) no programa SPSS, bem como o cálculo da vulnerabilidade socioambiental e a sua espacialização por meio de Sistema de Informação Geográfica (SIG) ArcGis 10.2. O mapeamento da vegetação e uso do solo urbano foi realizado utilizando-se ortofotos originalmente retificadas e georeferenciadas. Os resultados obtidos na análise da vulnerabilidade indicam que parte significativa dos bairros que apresentaram elevado grau de vulnerabilidade têm como indicadores a baixa escolaridade e baixa renda e a alta incidência de crianças, bem como o predomínio de infraestruturas deficientes tanto dos bairros quanto dos domicílios. Quanto à análise integrada dos mapas de vulnerabilidade, vegetação, uso do solo urbano, ocorrências de deslizamentos e quedas de blocos, observou-se uma predominante coincidência entre as altas vulnerabilidades com as ocorrências registradas pela Defesa Civil, em áreas de contato entre vegetação do tipo mata, edificações subnormais e convencionais assentadas em áreas de alta declividade ou no alto de morros. Tais aspectos reforçam a adequação do procedimento apoiado em análise estatística e integração de dados em SIG, que permitem que se destaquem as regiões de alta e muito alta vulnerabilidade, podendo assim dar suporte à administração pública no planejamento urbano e em ações preventivas de desastres. Além disso, pode-se observar o potencial da metodologia para futuros estudos em áreas urbanas complexas.