Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
RELATO DE CASO: LOMBALGIA DECORRENTE DE CRISE FALCÊMICA
Abstract
Objetivo: relatar através de estudo descritivo um caso clínico de um paciente portador de anemia falciforme, o qual apresentou-se no pronto socorro de um Hospital Público com queixas de algia na região lombar, sendo evidenciado posteriormente crise falcêmica. Materiais e métodos: estudo descritivo, observacional e retrospectivo, através da análise de dados de prontuário eletrônico hospitalar e resultados de exames laboratoriais. Relato do caso: Paciente sexo masculino, 47 anos, casado, residente na cidade de Cascavel, Paraná, procurou atendimento hospitalar referindo-se a algia em região lombar de forte intensidade iniciada há três dias. Sem melhora ao uso de analgesia simples e sem apresentar outros sintomas ou irradiação. Menciona acompanhamento no Hemocentro devido a doença hematológica de base, anemia falciforme, diagnosticada aos 2 anos de idade. Relata uso de Hidroxiureia (1000 mg/dia) há 17 anos. Após análise clínica do paciente concluiu-se que este quadro clínico era em decorrência de uma crise falcêmica localizada na região lombar. Discussão: A anemia falciforme caracteriza-se como uma doença do sangue causada por uma alteração no cromossomo número onze que altera o formato das células dos eritrócitos, diminuindo sua capacidade de transportar oxigênio para as células do corpo levando a vários sintomas como dor generalizada, fraqueza e apatia. A mesma se diferencia das outras anemias por transformar as hemácias em forma de foice, diminuindo sua vida útil e dificultando a passagem pelos vasos sanguíneos, o que consequentemente, pode levar ao entupimento das mesmas. Além dos sintomas comuns de outras anemias, a mesma se diferencia por infecções frequentes, dor nos ossos, músculos e articulações, mãos e pés inchados, retardo no crescimento e atraso da puberdade. Suas causas são genéticas, portanto, o traço da doença deve estar presente nos pais. O maior número de afetados do mundo encontra-se localizado na população africana por conta do traço genético da doença, que por sua vez protege os indivíduos da infecção Plasmodium (malária) o que é muito presente no país. O diagnóstico da anemia falciforme é feito através do teste do pezinho já nos primeiros dias de vida do bebê, pela amniocentese ou da biópsia do vilo corial. O tratamento é feito com o uso de medicamentos como Ácido fólico, analgésicos em geral, e, em alguns casos onde os episódios de dores são muito frequentes o uso da hidroxiureia, onde os mesmos devem ser administrados por um longo período ou de forma continua, assim como o acompanhamento médico mensal e em alguns casos, pode ser necessária a transfusão sanguínea, sendo esses processos um dos grandes responsáveis por redução da imunidade. O transplante de medula óssea também é uma forma de tratamento, sendo indicado em casos graves ou por avaliação médica, podendo levar a cura da doença. Conclusão: As complicações crônicas e agudas da Anemia Falciforme são muito comuns e podem trazer insegurança à equipe médica diante do atendimento desses pacientes. Mais importante do que saber os tratamentos específicos para cada situação é reconhecê-las e conseguir relacioná-las à doença de base.