Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PREVALÊNCIA DA ALOIMUNIZAÇÃO ERITROCITÁRIA NA POPULAÇÃO FEMININA DOADORA DE SANGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM, PARÁ, BRASIL

  • RBH Castro,
  • FAC Batista,
  • RS Vilhena,
  • LN Guimarães,
  • NP Rodrigues,
  • NCC Almeida

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S869

Abstract

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Objetivos: Os antígenos eritrocitários são capazes de estimular uma resposta imunológica específica desencadeando a produção de anticorpos antieritrocitários, processo conhecido como aloimunização. A presença desses anticorpos na corrente sanguínea da mulher, durante a gravidez, pode levar ao risco do desenvolvimento da doença hemolítica perinatal (DHPN). O conhecimento desta condição é de extrema importância para o manejo do pré-natal, contudo na maioria das vezes esta investigação ocorre apenas em casos de mulheres RhD negativos. Na rotina de triagem dos doadores de sangue, a pesquisa de anticorpos antieritrocitários irregulares é rotineiramente realizada em todas as doações, e este estudo tem como objetivo descrever a prevalência de aloimunização em mulheres doadoras de sangue. Material e métodos: : Trata-se de um estudo quantitativo, retrospectivo de caráter descritivo que buscou analisar a prevalência de aloimunização em mulheres doadoras de sangue na Fundação HEMOPA. Foram obtidos dados estatísticos do sistema informatizado SBS, referentes a prevalência de aloimunização das mulheres doadoras de sangue, que doaram sangue na região meltropolitana de Belém no período de 2016 a 2022. A análise foi realizada com recortes de 03 meses, considerando a periodicidade de doação de mulheres. Vale ressaltar que os dados do ano de 2021 estavam indisponíveis para acesso, devido erro na recuperação dos dados no sistema. O Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário João de Barros Barreto aprovou o estudo, sob o parecer n°6.137.523 e CAAE: 67845323.4.0000.0017. Resultados: No período analisado foram realizadas 211.321 doações de sangue na região metropolitana de Belém, sendo 77.494 (36%) do sexo feminino e 133.828 (64%) do sexo masculino. A prevalência de aloimunização entre as mulheres doadoras de sangue que constituíram a população do presente estudo foi de 0,9% (696/77.494). Considerando que as mesmas mulheres podem ter doado sangue mais de uma vez no período, foi realizada análises trimestrais, onde a prevalência variou de 0,4% a 1,41% com uma média de 0,88% de aloimunização em mulheres. Para descrição do perfil epidemiológico das mulheres aloimunizadas, apenas a variável idade estava disponível nos relatórios estatísticos disponibilizados, sendo observado a média de idade de 39,52 + 0,799 anos com mínima de 19 anos e máxima de 65 anos. Discussão: O percentual de aloimunização entre mulheres identificado no presente estudo foi semelhante aos relatos na literatura científica em que a taxa de aloimunização em mulheres varia de 0,4% a 2,27% em geral, e a faixa etária varia de 18 a 60 anos. Estudos descritos na literatura científica realizados em bancos de sangue, no Brasil, relatam que o maior índice de anticorpos anti-eritrocitários é encontrado na população do sexo feminino. Conclusão: A aloimunização na população feminina é preocupante, uma vez que há a possibilidade do desenvolvimento de DHPN sendo de fundamental importância o aconselhamento às mulheres aloimunizadas em idade fértil, visando o manejo adequado deste risco no pré-natal.