Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA ANEMIA INFANTIL NA QUEDA DA NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL
Abstract
Objetivos: O objetivo deste artigo é avaliar os efeitos da anemia infantil na queda neuroplasticidade cerebral. Busca-se entender como a deficiência de ferro durante a infância pode impactar o desenvolvimento neural e as capacidades cognitivas das crianças afetadas. Material e métodos: Para esta revisão, foram selecionados 23 estudos que abordam a relação entre anemia infantil e a neuroplasticidade cerebral. A pesquisa foi conduzida em bases de dados científicas, incluindo PubMed e Scopus, focando em artigos publicados nos últimos dez anos. Os critérios de inclusão foram estudos que avaliaram o impacto da anemia infantil no desenvolvimento das áreas cerebrais e no desempenho cognitivo. Estudos que não abordavam especificamente a deficiência de ferro e o desenvolvimento cognitivo em crianças de 0 a 5 anos foram excluídos. Foram considerados artigos de ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais e revisões sistemáticas. Resultados: Os resultados mostram que a anemia infantil está fortemente associada à redução da neuroplasticidade cerebral. Em um estudo com 200 crianças anêmicas, verificou-se uma redução de 25% na densidade sináptica comparada a crianças não anêmicas. Outro estudo revelou que crianças com anemia apresentavam um QI médio 10 pontos inferior ao de crianças sem anemia. Adicionalmente, observou-se que a anemia infantil compromete o desenvolvimento de áreas cerebrais, como o hipocampo e córtex pré-frontal. Além disso, em um estudo observacional, foi relatado que a deficiência de ferro limitou o desenvolvimento psicomotor em crianças e que, apesar da correção de anemia, as crianças com deficiência de ferro experimentaram um desenvolvimento pior a longo prazo no funcionamento social e emocional. Discussão: Os resultados desta revisão indicam que a anemia infantil tem um impacto significativo e adverso sobre a neuroplasticidade cerebral. A redução observada na densidade sináptica e no QI médio das crianças anêmicas reforça a hipótese de que a deficiência de ferro durante os primeiros anos de vida pode prejudicar o desenvolvimento neural e cognitivo. Os dados sugerem que a deficiência de ferro limita não apenas a densidade sináptica, mas também o desenvolvimento psicomotor e as capacidades cognitivas das crianças. Essa limitação pode ser atribuída ao papel crucial do ferro na formação e manutenção das sinapses neurais, bem como no desenvolvimento cerebral. Além disso, é importante notar que a correção da anemia não parece reverter completamente os danos cerebrais e cognitivos já estabelecidos. Isso sugere que a janela crítica para o desenvolvimento cerebral pode ser estreita e que a intervenção precoce é essencial para minimizar os impactos negativos. Conclusão: A anemia infantil tem um impacto significativo na neuroplasticidade cerebral, prejudicando o desenvolvimento cognitivo e funcional das crianças. Dados numéricos demonstram reduções significativas na densidade sináptica e no desempenho intelectual. Portanto, estratégias de saúde pública focadas na prevenção e tratamento precoce da anemia infantil são essenciais para garantir o desenvolvimento neural adequado e alcançar o pleno potencial cognitivo nas crianças. Em vista disso, é importante que pais, educadores e profissionais de saúde estejam atentos aos sinais de anemia apresentados pelas crianças e promovam uma alimentação rica em ferro desde os primeiros anos de vida.