Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

LINFOMAS DE HODGKIN: EXPERIÊNCIA DE 8 ANOS DE INSTITUIÇÃO MÉDICA DO INTERIOR PAULISTA

  • ML Puls,
  • AAL Puls

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S58

Abstract

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Objetivo: Descrição da experiência dos últimos 8 anos de acompanhamento diagnóstico e terapêutico de linfomas de Hodgkin (LH) em serviço médico de hematologia & hemoterapia no interior do estado de São Paulo. Material e métodos: Estudo descritivo, retrospectivo e observacional realizado a partir de dados obtidos por meio da análise de prontuários eletrônicos de portadores de LH admitidos e atendidos de janeiro de 2012 (ano de implantação do sistema de prontuários eletrônicos nesta instituição) a dezembro de 2020 em serviço médico especializado em hematologia no interior paulista. Incluídos pacientes vivos, maiores de 18 anos, portadores de LH, com confirmação anátomo-patológica. Excluídos pacientes que evoluíram a óbito previamente à coleta de dados, menores de 18 anos e sem confirmação histológica. Estadiamento realizado pelos sistemas de Ann-Arbor e Cotswold, com cálculo da estratificação de risco e prognóstico baseado nos critérios do NCCN (2007) e Lugano (2014) para estadiamento I e II e IPS (2012) para estadiamento III e IV. Dados comparados com informações disponíveis na literatura científica especializada, obtida nas bases de dados Medline (acessada via PubMed), Scielo, Scopus, Lilacs e Cochrane Library. Resultados: 112 pacientes preencheram critérios de inclusão para participar deste estudo. Mediana de 27 anos (8% superiores a 60 anos); 70 (62,5%) do gênero masculino. 106 pacientes (94,64%) apresentaram adenomegalia. Sintomas B estiveram presentes em 80 pacientes (71,42% dos casos). A maioria dos pacientes era portador do subtipo esclerose nodular (73 casos; 65,17%), seguido de celularidade mista (25; 22,32%) e depleção linfocitária (10; 8,92%). O estadiamento de Ann-Arbor se apresentou em 2/112 (1,78%), 20/112 (17,85%), 52/112 (46,42%) e 38/112 (33,92%) casos como estágios I, II, III e IV, respectivamente. Para o estadiamento I-II, 5/22 (22,7%) dos pacientes apresentavam estratificação de risco favorável, contra 17/22 (77,27%) com risco desfavorável. Esses pacientes foram tratados com protocolo ABVD como quimioterapia de primeira linha e 20/22 (90,9%) foram submetidos à radioterapia. Resposta completa (RC) pós-tratamento de primeira linha ocorreu em todos pacientes do grupo favorável, com sobrevida livre de progressão (SLP) em 5 anos para todos deste grupo. No grupo de risco desfavorável, 12/17 (70,58%) pacientes portavam lesão bulk ao diagnóstico, todos em porção mediastinal. Esses pacientes receberam ABVD e radioterapia associada, com RC em 10/17 (58,82%) após terapia de 1ªlinha. Neste grupo, a SLP em cinco anos foi de 70,58%. Nos pacientes com estádio III e IV, 72/90 (80%) apresentaram critérios de risco (IPS mínimo de 3) contra 18/90 (20%) sem fatores de risco (IPS inferior a 3). Todos receberam tratamento inicial com ABVD com encaminhamento para radioterapia. A SLP em 5 anos neste grupo foi de 25 pacientes (27,77%), sendo que nenhum deles estava em estadio IV durante o diagnóstico admissional. Discussão: Conforme descrito em literatura especializada, os pacientes de estadios mais avançados com critérios de risco apresentaram menor SLP, mesmo em uso de tratamento protocolado. Conclusão: Em nossa experiência, encontramos melhores remissões clínicas, RC e SLP em pacientes com LH em estadios mais precoces e sem fatores de risco, conforme documentado nas bases médico-científicas específicas.