Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

MODULAÇÃO DA ATIVIDADE DE SUPERÓXIDO DISMUTASE PELA HIDROXICARBAMIDA EM PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME

  • SS Leão,
  • LPR Venancio

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S69 – S70

Abstract

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Objetivo: Este estudo teve como objetivo investigar a atividade da enzima antioxidante Superóxido Dismutase (SOD) em portadores de AF em uso e não uso de hidroxicarbamida (HC) e um grupo de indivíduos sem hemoglobinopatias, com a finalidade de avaliar a possível modulação do medicamento sobre uma via enzimática associada à homeostase redox. Materiais e métodos: Para tanto, foram investigados 43 indivíduos organizados do seguinte modo: 25 indivíduos portadores de AF que fizeram uso da HC; 12 indivíduos portadores de AF que não fizeram uso da HC e seis indivíduos saudáveis. O ensaio foi realizado utilizando o kit de atividade de SOD (Sigma-Aldrich), que determina a inibição da enzima xantina oxidase pela SOD, utilizando hemolisados preparados de amostras do sangue periférico dos participantes. Os grupos foram comparados por teste one way ANOVA, seguido de teste de Tukey. As análises foram realizadas no programa Jamovi 2.3.28, e o nível de significância considerado foi de 5%. Resultados: A análise dos dados mostrou haver diferença na atividade da SOD entre os grupos amostrais (p = 0,047), com valores de inibição maiores em indivíduos com AF em uso de HC em relação ao grupo controle (p = 0,022). Discussão: Na AF, a mutação no 6ºcódon da beta-globina provoca uma condição fisiopatológica caracterizada pela grande produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e nitrogênio (ERN), que provocam desequilíbrio nas reações redox, gerando importantes efeitos deletérios. A SOD age diretamente sobre o ânion superóxido e, dessa forma, permite que essa espécie altamente reativa, seja convertida em peróxido de hidrogênio (que é menos reativo) e água. Atualmente, o tratamento da doença é feito utilizando a HC, um agente quimioterápico que induz o aumento nos níveis de hemoglobina fetal, reduzindo a polimerização da hemoglobina. Dados da literatura, utilizando células HUVEC e PBMC, sugerem que HU pode atuar diminuindo ERO/ERN e estimulando a expressão de genes antioxidantes, como por exemplo genes que codificam SOD, por meio da indução da via de sinalização de Nfr2. Há descrição na literatura da diminuição da atividade de SOD em pessoas com AF em relação a pessoas saudáveis. No entanto, os dados analisados aqui não indicam haver diferença na atividade desta enzima entre pessoas saudáveis e pessoas portadoras de AF em não uso de HU avaliadas. Possivelmente, isto se deve ao fato de que as amostras foram coletadas de pessoas com AF em estado estacionário da doença, o que pode implicar na melhor condição da resposta antioxidante nesses indivíduos. Conclusão: A partir dos dados encontrados, pode-se inferir que HU é capaz de interferir em processos relacionados ao estresse oxidativo em eritrócitos, ativando a resposta antioxidante, em especial a atividade de SOD, em pessoas com AF em uso do medicamento, o que podem estar relacionados aos efeitos benéficos da HU no contexto da AF. Avaliação da possível modulação da atividade de outros elementos da resposta antioxidante pela HU deve ser realizado para confirmação desta hipótese.