Revista Latino Americana de Estudos em Cultura e Sociedade (Mar 2020)
Retratos de mortos e desaparecidos pela ditadura civil-militar brasileira e argentina
Abstract
As ditaduras civis-militares surgidas na América Latina a partir da segunda metade do século XX tiveram como características comuns um autoritarismo repressivo contra seus opositores políticos ou qualquer pessoa que apresentasse ideologia diversa à ditadura e tudo o que ela representava. Como consequência, o governo militar de países como Brasil (1964 – 1985) e Argentina (1976 – 1983) estabeleceu sua base na Doutrina de Segurança Nacional, que tinha como objetivo inibir focos de resistência ao regime militar, justificado na ameaça do comunismo vigente na época. Nesse contexto, criou-se um estado de terror generalizado na população, o terror proveniente do Estado, conhecido também como Terrorismo de Estado. Nessa situação, muitas pessoas consideradas subversivas ou inimigas da nação por discordarem ou lutarem contra a tomada de poder foram presas, torturadas, mortas e desaparecidas. Nesse contexto, o presente estudo versa sobre os usos dos retratos de mortos e desaparecidos, a partir do processo de transição política (redemocratização) brasileira e argentina e tem como objetivo desenvolver uma análise comparada a partir da implementação de políticas públicas voltadas às memórias das vítimas e relacioná-las com os usos atribuídos a esses retratos a partir da consolidação de políticas de memória em cada país. Entre as diversas formas de implementação dessas políticas, a criação de Espaços e Instituições de Memória voltadas à memória da repressão são uma das formas de reparação simbólica em homenagem às vítimas. Nesse sentido, serão considerados casos analisáveis as fotografias expostas em caráter permanente nas instituições de memória representativas dessa temática em cada país: Memorial da Resistência (Brasil) e Espaço de Memória e Direitos Humanos - ESMA (Argentina).
Keywords